Conheça 4 das principais doenças da citricultura

Citricultura e as principais doenças da citricultura brasileira

É cada vez mais importante conhecer as principais doenças da citricultura – uma das atividades agrícolas mais importantes do Brasil.

A maior produção de citrus está concentrada nos estados de São Paulo e Minas Gerais, o chamado cinturão citrícola. Na sequência, os estados da Bahia e Sergipe são outros grandes produtores de citros. 

Entre todas as diversificações de citros – laranjas, limas, limões, tangerinas, mexericas -, o Brasil é o maior produtor de laranja do mundo e o maior produtor e exportador do seu suco.

Considerado os citros como um todo, o Brasil está em segundo lugar em produção, sendo a China a maior produtora de citros do mundo.

Na última safra (2018/2019) a produção brasileira de laranja foi de 285, 98 milhões de caixas de 40,8 quilos. E a estimativa para essa safra (2019/2020) é de um aumento de 26,4% na produção de laranja, atingindo 388,42 milhões de caixas.

As frutas cítricas, em geral, são vendidas pelos produtores por caixas. Para as laranjas as caixas são de 40,8 kg. O preço da caixa varia muito de acordo com a região e com a oferta do fruto.

Diferente das culturas anuais, os pés de laranja ficam em torno de 15 anos produzindo no pomar. Porém, uma planta cítrica pode viver por até 30 anos, em média. 

Assim como em qualquer outra cultura, produzir laranjas de qualidade não é uma tarefa fácil. As plantas cítricas são atacadas por diversas pragas e doenças. Com tanto tempo de exposição no ambiente, doenças fúngicas, bacterianas, viróticas e nematoides prejudicam a produção.

Por isso, é muito importante saber identificar essas pragas e doenças no pomar para realizar o melhor manejo possível. Continue a leitura e conheça as principais doenças da citricultura!

As principais doenças da citricultura

Conheça algumas das principais doenças da citricultura brasileira e mundial.

Algumas dessas doenças são transmitidas por insetos vetores e as estratégias de controle para elas ocorre a partir do manejo da população de vetores.

1. Doença dos citros: Greening ou HLB

Atualmente uma das principais doenças da citricultura, aliás, a principal, é o greening (ou HLB). Essa doença é a que mais tem desafiado o setor na área de produção e de pesquisa e extensão, devido a rápida disseminação e severidade.

O greening não está restrito apenas ao Brasil – os citricultores dos Estados Unidos também sofreram com perdas de produtividade nos últimos anos por conta dessa doença.

O greening é causado por uma bactéria – a Candidatus Liberibacter spp. –, e é transmitido por um inseto, o psilídeo Diaphorina citri.

Os sintomas da doença são visíveis nas folhas e frutos, e com o passar do tempo, e com o aumento da severidade, toda a planta pode morrer

Os principais sintomas do greening, são:

  • Cloroses assimétricas nas folhas;
  • Folhas mais grossas, com a nervura central muito espessa;
  • Os frutos ficam pequenos, deformados e com sementes abortadas;
  • Ocorre o aumento da acidez e queda dos frutos;
  • Sintomas secundários são: deficiência de zinco, ferro e manganês.
Sintomas de greening em planta, folhas e frutos de laranja. Créditos das fotos: A – Renato Bassanezi; B – Manuel Robles-González; C – Juliana Freitas-Ástua; D – Marcos A. Machado.

Atualmente não existe controle eficiente para essa doença. Os produtores seguem o manejo em três práticas rotineiras:

  • Plantio de mudas sadias e certificadas;
  • Erradicação da planta quando infectada;
  • Controle do inseto vetor.

Desde sua chegada e disseminação no Brasil, o greening já foi responsável pelo arranquio de mais de 50 milhões de plantas cítricas (CDA, 2016).

2. Doença dos citros: Cancro cítrico

Dentre as principais doenças da citricultura também temos o cancro cítrico, também causada por uma bactéria. Neste caso, é causada pela Xanthomonas citri. Hoje, 28% dos pomares estão infectados com a bactéria.

O cancro cítrico é transmitido pela água da chuva e de irrigação, pelo vento, por maquinários, veículos e por pessoas.

Os sintomas aparecem em folhas mais jovens e em frutos. Quando a severidade da doença é muito alta, os sintomas podem aparecer também nos ramos da planta. Geralmente os sintomas são semelhantes em todas as partes da planta.

O cancro cítrico é identificado pelos seguintes sintomas:

  • Pontos pequenos, salientes, de coloração amarronzada;
  • Aumento das manchas marrons e aparecimento de regiões cloróticas (amarelas) ao redor das lesões;
  • As lesões podem cobrir toda a folha e/ou fruto;
  • Queda acentuada de folhas e frutos;
Sintomas de cancro cítrico em folhas e frutos de laranja. Fotos: Francisco Humberto Henrique, Doutor em Agricultura Tropical e Subtropical.

Geralmente as lesões nos frutos não atingem a polpa, e não danificam a produção do suco. Porém, como a doença causa uma grande queda de frutos, a produtividade fica comprometida

Outro ponto negativo é que frutos com a presença da doença perdem valor comercial e não podem ser exportados in natura

As lesões do cancro cítrico são porta de entrada para fungos que causam outras doenças, além de afetar a polpa dos frutos.

Formas de controle do cancro cítrico

O controle para o cancro cítrico mais comum nos pomares é a utilização do manejo com cobre pulverizado nas plantas. O cobre age como um bactericida e tem efeito residual que impede a reentrada da bactéria.

Porém, a utilização do cobre por muitas safras pode causar um efeito tóxico nas plantas, além de contaminar o solo, devido ao seu acúmulo residual.

Outros métodos de manejo do cancro cítrico são:

  • Utilização de quebra-vento ao redor dos pomares, para diminuir a disseminação da doença;
  • Controle da larva minadora dos citros, pois a larva ajuda na disseminação da doença e suas galerias são portas de entrada para a bactéria;
  • Utilização de indutores de resistência, pois são produtos que podem ajudar as plantas as ficarem “mais fortes” e “mais preparadas” antes do contato com a bactéria.

3. Doença dos citros: Leprose dos citros

A doença conhecida como leprose dos citros é, atualmente, muito importante na citricultura, estando entre as principais doenças da citricultura brasileira.

A leprose tem potencial para causar grandes perdas na produção e diminuir a vida útil das plantas. 

A doença está presente desde a Argentina, até o México. No Brasil, a leprose afeta todas as regiões produtoras de citros, atacando principalmente a laranja doce, e em alguns casos tangerinas. 

Os limões e as limas ácidas são resistentes a leprose.

Essa doença é causada por um vírus, o Citrus leprosis vírus, que é transmitido por ácaros.

O ácaro da leprose se contamina com o vírus quando se alimenta das plantas infectadas. Essa contaminação pode ocorrer tanto na forma de larva, quanto em adultos. 

Por mais que o ácaro não se movimente a muitas distâncias, ele pode ser disseminado pelo vento, material de colheita, pelo homem e por plantas e frutos infestados.

Os sintomas da leprose dos citros são:

  • Lesões em ramos, folhas e frutos de coloração amarronzada e um halo amarelo ao redor da lesão.
  • As lesões causam perda do valor comercial dos frutos;
  • Queda prematura de frutos e folhas;
  • Seca dos ramos;
  • Diminuição da fotossíntese;
  • Prejuízos na produtividade.
Sintomas de leprose em folhas ramo e frutos de laranja doce. Fotos: Francisco Humberto Henrique, Doutor em Agricultura Tropical e Subtropical.

Os sintomas da leprose podem ser confundidos com os sintomas do cancro cítrico. Uma diferença rápida e fácil de ser observada é que na leprose, as lesões são lisas e algumas vezes podem ser fundas.

Principal controle: Leprose dos citros

O principal controle dessa doença é feito a partir do monitoramento do pomar, com a aplicação de acaricidas para o controle do vetor.

Em plantas muito infectadas, a poda drástica e a aplicação de solução concentrada de cal em toda a planta são alternativas para conter a proliferação do vírus.

Planta de laranja após a poda drástica e aplicação da solução concentrada de cal. Foto: Manual de leprose dos citros da Fundecitrus.

4. Doença dos citros: Podridão floral

A podridão floral é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum spp., que ataca botões florais e flores de citros e também é uma das principais doenças da citricultura.

Essa doença é disseminada por todas as Américas, e causa enormes prejuízos aos pomares, nas diferentes espécies e variedades.

A infestação e proliferação da doença está muito ligada ao clima, e como as chuvas acontecem durante a safra. Quando as chuvas ocorrem muitas vezes durante a floração das plantas, o fungo se desenvolve, causando a queda das flores.

Os sintomas da podridão floral podem aparecer de dois a sete dias após a infecção. Os sintomas característicos desta que é uma das principais doenças da citricultura, incluem:

  • Início com formação de lesões alaranjadas nas pétalas das flores;
  • O estigma da flor fica necrosado, de coloração escura;
  • Os frutinhos recém-formados ficam amarelados e caem.

A podridão floral também é conhecida como “estrelinha”. Esse nome surgiu porque, depois que o fruto cai, parte da flor ainda fica presa na planta, se parecendo com uma pequena estrela.

Sintomas de podridão floral. Fotos: Manual de podridão floral da Fundecitrus.

O controle da podridão floral começa com o manejo das plantas. É preciso manejar de forma que a florada seja regular e não ocorra no período chuvoso. Para atingir esse objetivo, a recomendação é:

  • Uso da irrigação para ajudar na antecipação da florada;
  • A adubação correta para evitar uma floração desuniforme e que surtos de floração fora de época ocorram;
  • Manter o pomar sadio e por meio da eliminação de plantas debilitadas.
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A importância da nutrição e adubação das plantas para o controle das principais doenças da citricultura

Manter um pomar bem nutrido e saudável é a peça chave para uma boa produtividade e para um menor prejuízo com pragas e doenças, facilitando o manejo das principais doenças da citricultura.

Para os citros, os macronutrientes Nitrogênio e Potássio são os mais necessários no cultivo. Eles aumentam o crescimento dos citros e estão relacionados a alta produtividade das culturas. 

Em relação aos micronutrientes, o Ferro, Zinco, Manganês e Boro são limitantes para as plantas atingirem seu desenvolvimento e produção.

Macronutrientes: Fazem parte das moléculas essenciais para a vida da planta, para sua estrutura e são necessários em grandes quantidades no metabolismo do vegetal. 

Micronutrientes: São necessários em menores quantidades, têm função reguladora e fazem parte das enzimas.

O mais importante é manter uma nutrição equilibrada de macro e micronutrientes para que os melhores resultados sejam alcançados com a cultura. Cada nutriente tem uma função e uma importância específica na produtividade dos citros.


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Visualizar comentários (3)

  • Boa tarde!
    Minha laranjeira esta com as folhas grossas e parecem fungos comendo as folhas, os frutos estão machados como se fosse uma ferrugem, e com poucos sucos, parece temporona!
    Fico no aguardo, de como tratá-la e como podá-la na data certa!
    Saúde, felicidade a todos.
    Whatsapp 51 992466958

  • Os frutos da minha laranjeira estao com as cascas grossas, grande ,deformadas e na maioria secas por dentro! O que deve ser isso, qual o tratamento?

  • Bom dia, larangeiras com os frutos todos comidos por dentro e a laranja penduradas na laranjeira, sem nada por dentro quando estão maduras! o que serà. obrigados saùde e felicidades a todos.