A produção agropecuária é uma das principais fontes de emissão de gases do Efeito Estufa, por isso a adoção de práticas voltadas à agricultura de baixo carbono é tão fundamental
A agricultura se tornou uma das principais fontes de renda do Brasil, transformando em uma das referências mundiais neste aspecto.
Com pesquisas voltadas para o setor agrícola, o Brasil vem aumentando sua produção sem aumentar, proporcionalmente, a quantidade de áreas plantadas.
Mas é preciso saber manejar corretamente as lavouras e o solo, para que esta prática se torne sustentável.
Desse modo, a agricultura de baixo carbono vem como uma opção para realizar práticas agrícolas visando a sustentabilidade do sistema.
Por isso, venha conhecer mais sobre o tema neste artigo!
Por que realizar uma agricultura mais sustentável?
A manutenção da temperatura no mundo funciona assim: parte do calor que chega ao planeta pelos raios solares é absorvida pelo solo e água (rios, oceanos etc.).
Outra parte deste calor é devolvido para a atmosfera. Entretanto, devido aos gases do Efeito Estufa (GEE) parte deste calor fica retido no planeta, mantendo o equilíbrio na temperatura da Terra, evitando grandes oscilações térmicas.
Desse modo, o Efeito Estufa é um fenômeno natural e necessário para a estabilidade climática e manutenção da vida no mundo.
(Fonte: Aprobio)
Mas, devido à intensificação da emissão dos gases causadores do Efeito Estufa, como o Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N2O), a superfície da Terra está retendo mais calor do que dissipando, desequilibrando a temperatura.
Assim, se a concentração destes gases na atmosfera continuar aumentando, a temperatura terrestre, aos poucos, vai subindo, ocorrendo o denominado Aquecimento Global.
Você pode estar se questionando, o que a agricultura tem a ver com isso?
A emissão dos gases ocorre em diversas atividades, veja as principais:
(Fonte: SEEG)
A agricultura está inserida como uma das principais fontes de emissão de gases responsáveis pelo Efeito Estufa.
Em2020, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a atividade rural, direta ou indiretamente, foi responsável pela emissão de 72% destes gases no Brasil.
Assim, é fundamental a adoção de práticas de agricultura sustentável, que visa diminuir a liberação dos gases do Efeito Estufa.
Isso porque, como a depende do clima, o aumento na temperatura do planeta, deve afetar diretamente as suas atividades.
Como funciona a agricultura de baixa emissão de carbono
O solo contém grandes quantidades de carbono armazenado. E uma das formas deste elemento ir para o solo é pelo processo de fotossíntese.
A fotossíntese é um processo que ocorre nas plantas, no qual elas retiram o gás carbônico (CO2) do ar e o usam para seu crescimento.
Assim, parte do CO2 vai para as raízes e solo, que são utilizados pelos microrganismos que auxiliam na obtenção de nutrientes pelas plantas.
Se o solo for bem manejado, ou seja, houver adoção de práticas conservacionistas, este carbono permanecerá no solo por muitos anos.
Entretanto, o preparo intensivo do solo (como a aração), as áreas degradas, as queimadas, a drenagem de pântanos entre outros são práticas que aumentam a emissão de carbono.
(Fonte: Embrapa)
Dessa forma, adotar medidas que evitem a perda de CO2 do solo e realizem o sequestro de carbono, são fundamentais para realizar uma agricultura sustentável!
Assim, o sequestro de carbono pode ser feito pela adoção de práticas como o sistema de plantio direto e a rotação de culturas, que além de reduzir a perda de CO2 para atmosfera, ainda retiram este gás dela e o incorporam no solo.
Outras práticas como recuperação de áreas degradadas (por exemplo, pastagens) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), também fazem parte da agricultura de baixo carbono.
Enfim, para mitigar os problemas no meio ambiente, a realização de uma agricultura de baixo carbono é fundamental.
Como as causas do aquecimento global afetam a todos, diversos países têm adotado medidas para incentivar os produtores rurais a adotar práticas que reduzam a emissão estes gases.
O que é e como funciona o Plano ABC
No Brasil, a fim de incentivar os agricultores e pecuaristas a adotarem uma agricultura mais sustentável, foi criado o plano ABC.
O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC) foi aprovado em 2011.
Neste plano, o governo incentiva ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima para o setor agropecuário.
Dessa maneira, os programas presentes no plano adotam medidas com a finalidade de promover a agricultura de baixo carbono. São eles:
• Programa 1: Recuperação de Pastagens Degradadas;
• Programa 2: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
• Programa 3: Sistema Plantio Direto (SPD);
• Programa 4: Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);
• Programa 5: Florestas Plantadas;
• Programa 6: Tratamento de Dejetos Animais;
• Programa 7: Adaptação às Mudanças Climáticas.
Além disso, entre 2010 e 2020, as propostas dos programas foram as seguintes:
(Fonte: MAPA)
Como resultado, entre 2010 e 2018, este plano obteve 105% da meta estabelecida de redução da emissão de gases responsáveis pelo Efeito Estufa.
Além disso, para o período de 2020 a 2030 o Plano ABC foi atualizado para ABC+, que tem o foco em:
- Manter o estímulo à adoção e manutenção de sistemas agropecuários conservacionistas e sustentáveis de produção;
- Fortalecer as ações de transferência e difusão de tecnologias, capacitação e assistência técnica;
- Estimular e apoiar a pesquisa aplicada para o desenvolvimento ou aprimoramento de Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis;
- Criar e fortalecer mecanismos que possibilitem o reconhecimento e valorização dos produtores que adotam Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis;
- Fomentar, ampliar e diversificar fontes e instrumentos econômicos, financeiros e fiscais atrelados aos Sistemas, Práticas, Produtos e Processos de Produção Sustentáveis;
- Aprimorar o sistema de gestão das informações do ABC+, para efetivação do Monitoramento, Reporte e Verificação (MRV) e do Monitoramento & Avaliação;
- Incentivar a regularização ambiental das propriedades rurais e a produção sustentável em áreas de uso agrícola.
As linhas de crédito presentes no Plano ABC+
Por isso, foram criadas linhas de crédito para incentivar o produtor rural a investir em tecnologia e projetos que visam a agricultura de baixo carbono, são elas:
- ABC RECUPERAÇÃO;
- ABC ORGÂNICO;
- ABC PLANTIO DIRETO;
- ABC INTEGRAÇÃO;
- ABC FLORESTAS;
- ABC AMBIENTAL;
- ABC TRATAMENTO DE DEJETOS;
- ABC DENDÊ;
- ABC FIXAÇÃO.
Em resumo, estes estímulos visam que os produtores rurais passem a adotar práticas mais sustentáveis e que colaborem para a conservação do solo e da água. E também regularizem suas propriedades à legislação ambiental.
E, desse modo, ocorra a redução das emissões de gases responsáveis pelo Efeito Estufa.
Importância da adoção de práticas sustentáveis no campo
A saber, entre as tecnologias, as mais utilizadas pelos produtores no Programa ABC estão: a recuperação de pastagens degradadas (372,5 mil ha); o plantio direto (307,9 mil ha); a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF); e os sistemas agroflorestais (47,2 mil ha).
Aliás, estas práticas, além de reduzirem a emissão de gases do Efeito Estufa, trazem melhorias ao meio ambiente, aos seres humanos, à flora e fauna do local de adoção.
(Fonte: CropLife)
Vale lembrar que, ao adotar uma agricultura de baixo carbono, além das vantagens diretas na sua área, você contribui de forma positiva no combate ao Aquecimento Global.
Se a emissão dos gases do Efeito Estufa continuar em ritmo acelerado, a tendência é aumento das temperaturas com o passar dos anos.
Dessa forma, como a agricultura depende do clima, as mudanças climáticas afetarão diretamente os sistemas de cultivo, fazendo com que sejam necessárias adaptações, bem como a adoção de novas cultivares, por exemplo.
Por isso, adotar uma agricultura sustentável traz resultados positivos a curto e a longo prazo, para você e para o mundo.
Conclusão
Em resumo, a agricultura de baixo carbono é fundamental para a continuidade da produção de alimentos no mundo.
Assim, os gases que favorecem o Efeito estufa e que são emitidos pelo setor agropecuário podem e devem ser reduzidos.
Por isso, é importante adotar práticas que, além de manter o carbono no solo, o sequestram da atmosfera e o incorporam no solo.
Agricultura sustentável não faz bem somente ao meio ambiente, mas também para seu campo, sua produção e sua renda!
Referências
MACHADO, P. L. O. A. Carbono do solo e a mitigação da mudança climática global. Química Nova [online]. 2005, v. 28, n. 2. pp. 329-334. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/CB6Dn3MwxgLYNcdmwjYmvZF/?lang=pt#
SANTI, A.; DALMAGO, G.A.; DENARDIN J.E. Potencial de sequestro de carbono pela agricultura brasileira e a mitigação do efeito estufa. Documento 78, EMBRAPA. Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do78.pdf