Seca e geada levam à quebra de produção do milho safrinha

Entenda como os eventos meteorológicos provocaram uma redução de quase 21% na produção do milho safrinha (segunda safra) em 2021

A safra de 2020/2021 foi marcada por eventos climáticos desde o início de 2021, que trouxeram muitos desafios aos produtores.

Com isso, diversas culturas agrícolas sofreram com mudanças que prejudicaram o desenvolvimento e a produtividade nas lavouras.

O milho segunda safra, por exemplo, passou por seca e geada em um mesmo ano agrícola, o que refletiu diretamente em sua produção.

Confira o que aconteceu ao longo da safra, quais foram as consequências destes eventos, e o que pode ser feito para minimizar os prejuízos em safras futuras.

Milho safrinha (segunda safra) 2021 x eventos climáticos

O milho segunda safra é semeado após a cultura de verão, geralmente, depois da colheita da soja, nos meses de janeiro a abril.

Os principais estados produtores são Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

A época de semeadura depende da região de produção. Assim, em algumas regiões é possível semear a partir de fevereiro, devido a altas temperaturas em janeiro.

Porém, em regiões mais ao sul do país, a semeadura é recomendada até meados de fevereiro, pois há chances de ocorrer geada no final de maio.

No geral, quanto mais cedo for semeado o milho de segunda safra, menores  são os riscos de seca e geada na cultura.

Todavia, na safra 2020/2021, houve atraso na semeadura da soja devido à falta de chuvas o que, por consequência atrasou também a semeadura do milho segunda safra na maioria das regiões produtoras.

Com a semeadura tardia, o milho fica suscetível a veranicos no início do ciclo e época de floração, assim como em algumas regiões pode ocorrer geadas, prejudicando o desenvolvimento da cultura.

O impacto da seca no milho safrinha

O fenômeno climático responsável pelo atraso da semeadura da soja e veranicos no início do ano é a formação do La Niña.

Com isso, as regiões Centro-Sul do país sofreram com o déficit hídrico ocorrido de janeiro a maio e o Nordeste com chuvas favoráveis.

Neste ano, para o milho safrinha, houve escassez de água e má distribuição das chuvas, principalmente nas fases críticas do milho, como germinação e emergência e floração e enchimento de grãos.

Estas ocorrências foram principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, parte de Goiás e Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Seca afetando a lavoura de milho segunda safra (Fonte: Canal Rural)

Os danos da geada no milho safrinha

Além da seca, a incidência de geadas nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, também prejudicou o desenvolvimento e reprodução de muitas lavouras.

Isso porque, as geadas ocorridas no final do mês de junho e julho, afetaram grande parte das lavouras, queimando as folhas e prejudicando a fotossíntese e assimilação de nutrientes pelas plantas o que, por consequência,  interferiu na produção dos grãos.

Lavoura de milho segunda safra antes e após a geada (Fonte: Monitoramento de geada 11 a 17/07 pela Conab)

Quantificando as perdas devido à seca e a geada no milho safrinha

O Brasil é um dos maiores produtores de milho do mundo, sendo este cereal produzido em três épocas no país.

A segunda safra, comumente chamada de safrinha, apresenta a época de maior produtividade do milho brasileiro.

Da safra 2015/2016 até a safra 2019/2020, a média de produção do milho segunda safra foi de 62.056 mil toneladas, sendo uma oportunidade de lucro para os produtores após a colheita da soja.

Para a safra de 2020/21 a expectativa de produção era de 79.799,40 mil toneladas, segundo o 8o levantamento da safra 2020/21 realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Entretanto, devido aos eventos climáticos ocorridos durante os meses em que as plantas estavam em campo, houve redução deste valor.

A colheita do milho safrinha teve encerramento mais tardio, devido à época de semeadura atrasada, e a produção chegou a 59.471,5 mil toneladas, 20,8% a menos em relação à safra anterior.

Produção dos últimos anos agrícolas de milho segunda safra (Fonte: Adaptado de Conab)

O déficit hídrico ocorrido em maio, afetando as plantações semeadas logo após a colheita da soja, e as geadas em junho prejudicando as lavouras semeadas fora do tempo ideal, foram as responsáveis por essa redução.

O Paraná esperava uma colheita de 14,6 milhões de toneladas deste cereal, e devido a seca e geadas a colheita será bem abaixo do esperado com 5,9 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), essa redução se repetiu em São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

Algumas regiões sofreram com a estiagem quando as plantas de milho estavam entrando na fase reprodutiva, reduzindo a polinização, pois prejudica a formação e viabilidade dos grãos de pólen e dos estilos-estigmas.

Além disso, o efeito da seca e geada são refletidos na qualidade dos grãos produzidos, que ficam menores e mais leves.

O que fazer para tolerar estes eventos climáticos?

O clima é um fator decisivo na produção agrícola, entretanto, é algo incontrolável pelos agricultores.

As intempéries climáticas causam sérios prejuízos nas lavouras, como visto anteriormente, e a pergunta que fica é: o que eu posso fazer?

Estar preparado é fundamental para suportar estas adversidades e contornar os prejuízos.

Neste sentido, acompanhar as movimentações das massas de ar, que indicam eventos como La Niña e El Niño, já são um indicativo de como podem ser as condições climáticas no ano.

Assim, o monitoramento climático é fundamental, pois quando são indicados a probabilidade de seca ou geada, algumas medidas podem ser adotadas com a finalidade de reduzir as perdas, como:

  • Não semear em locais que intensifique estes eventos, como exemplo é semear em baixada em ano de previsão de geadas;
  • Utilizar cultivares mais tolerantes a estes eventos climáticos;
  • Semear na época mais adequada;
  • Caso tenha irrigação, utilizar de modo consciente na seca, e na geada, reduzindo os seus efeitos nas plantas;
  • Preparar a cultura nutricionalmente, com o uso potássio, por exemplo, o que reduz o ponto de congelamento da seiva; ou até mesmo enxofre e silício.

Para auxiliar no monitoramento climático mais preciso da sua área, algumas tecnologias foram desenvolvidas, como as soluções digitais Agrosmart.

Com os sensores e uma estação meteorológica instalados nas áreas a previsão do tempo é mais assertiva, pois os dados coletados são analisados e fornecem informações em tempo real.

Assim, a coleta de dados e o monitoramento constante podem ajudar na gestão da sua lavoura.

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Conclusão

Em resumo, os eventos climáticos ocorridos em 2021 foram cruciais para a produção de milho na segunda safra.

Dessa forma, muitos estados apresentaram quebra de produção devido a seca e a geadas ocorridas em um mesmo ciclo de produção.

Por isso, é tão importante buscar formas de minimizar os efeitos das intempéries climáticas, e o principal é o conhecimento do clima.


Referências

CRUZ, J. C; PEREIRA FILHO, I. A.; DUARTE, A. P.. Milho safrinha. Embrapa. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONT000fya0krse02wx5ok0pvo4k3mp7ztkf.html