Com o desafio de ampliar a produção de alimentos em 70% até 2050 em um cenário de incertezas e mudanças climáticas, o Climate-smart Agriculture tem um papel fundamental na segurança alimentar, na segurança hídrica e no desenvolvimento do setor agropecuário
A produção de alimentos é uma atividade essencial para a sobrevivência humana, além de ser responsável por gerar renda e ter impactos diretos e indiretos no meio ambiente.
Para os próximos anos, a necessidade é que de essa produção cresça a fim de atender ao aumento da população mundial e as mudanças nas dietas e hábitos de consumo.
Diante disso, a produção mundial de alimentos precisará aumentar em 35% até 2030 para alimentar 8,5 bilhões de pessoas.
Para 2050, o desafio é ainda maior, sendo preciso produzir 70% a mais de alimentos para alimentar cerca de 9 bilhões de pessoas.
Neste contexto, ainda há mais um problema a ser enfrentado: a fome.
De acordo com ‘The State of Food Security and Nutrition in the World 2022‘ da FAO, em 2021, cerca de 828 milhões de pessoas enfrentaram fome.
Ao falar de insegurança alimentar moderada ou grave, esse número sobe para 2,3 bilhões de pessoas.
No entanto, também há desafios para elevar a produção de alimentos e garantir o acesso a ele.
Isso porque, a agricultura está vulnerável às mudanças climáticas, principalmente no que diz respeito à ocorrência de eventos climáticos extremos, variabilidade climática e mudança na dinâmica de pragas e doenças na lavoura.
Além disso, há também uma preocupação com a gestão de recursos hídricos e a qualidade do solo, pois ambos podem impactar diretamente no resultado das lavouras.
Em contrapartida, a agricultura também influencia neste cenário, uma vez que suas práticas impactam nas emissões de GEEs e na gestão dos recursos naturais.
Assim, uma das práticas que podem ajudar a enfrentar estes desafios é a abordagem de Climate-Smart Agriculture.
O que é Climate-Smart Agriculture e qual o seu objetivo?
Climate-smart Agriculture (CSA) – também conhecido como agricultura inteligente para o clima ou inteligência climática para a agricultura – é uma abordagem integrada para a gestão de terras agrícolas, pecuária, florestas e atividades de pesca que leva em conta dois grandes desafios: a segurança alimentar e as mudanças climáticas.
O objetivo desta abordagem é transicionar a agricultura para modelos mais produtivos, sustentáveis e resilientes ao clima.
Agricultura que aumenta a produtividade de forma sustentável , aumenta a resiliência (adaptação), reduz/remove GEEs (mitigação) sempre que possível e aumenta a realização da segurança alimentar nacional e os objetivos de desenvolvimento.
Uma das definições de Climate-smart Agriculture, pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)
(Fonte: Adaptado de Khatri-Chhetri et al, 2017)
Os três pilares do Climate-Smart Agriculture
A inteligência climática para a agricultura, ou Climate-smart Agriculture, tem três grandes pilares:
1. Produtividade: aumentar de forma sustentável a produtividade das lavouras, ou seja, produzir mais e melhor a fim de atingir a segurança alimentar e nutricional, bem como elevar a renda dos agricultores.
Isso é ainda mais relevante quando consideramos que 75% da população mais pobre do mundo vive em áreas rurais e dependem da agricultura de subsistência.
2. Adaptação e resiliência climática: reduzir a exposição dos agricultores a riscos de curto prazo ao diminuir a vulnerabilidade da produção agrícola à seca, pragas, doenças e outros riscos relacionados ao clima; fortalecer a resiliência e melhorar a capacidade de adaptação dos sistemas agrícolas no longo prazo.
Aqui também entra a proteção dos serviços ecossistêmicos, que são essenciais para gerar uma capacidade de adaptação às mudanças climáticas, além de poder impactar na produtividade das lavouras.
3. Mitigação: ou seja, reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) para cada caloria ou quilo de alimento/fibra/combustível produzidos; evitar o desmatamento ilegal; e incentivar o sequestro de carbono via gestão de solos e sistemas florestais.
Principais características do Climate-Smart Agriculture
Quando falamos em Climate-Smart Agriculture, ou agricultura inteligente para o clima, é preciso mencionar algumas características importantes dessa abordagem e que partem dos três pilares acima. São elas:
1. Inclusão do impacto das mudanças climáticas no planejamento agrícola.
2. Integração de diferentes objetivos, sendo os principais: maior produtividade, maior resiliência e redução de emissões de gases do efeito estufa.
3. A proteção dos serviços ecossistêmicos.
4. Além disso, o CSA não diz respeito apenas ao uso de tecnologias nas fazendas (“dentro da porteira”), pelo contrário, tem uma gama de pontos de entrada e diferentes níveis que incluem: seguros, cadeias de valor, fortalecimento dos ambientes institucionais e, por fim, adoção de tecnologias e práticas nas lavouras.
5. A agricultura inteligente para o clima é específica para cada contexto de produção – seja local, cultural ou edafoclimático.
6. Precisa envolver mulheres e grupos marginalizados: isso porque, para atingir as metas de segurança alimentar, o CSA precisa envolver grupos mais pobres e vulneráveis – que, geralmente, são os mais atingidos por eventos climáticos como secas e inundações.
Além disso, no caso das mulheres, em várias regiões do mundo, elas ainda enfrentam dificuldade de acesso à recursos e informações, bem como o direito legal à terra que cultivam. Isso pode afetar sua capacidade de adaptação para lidar com eventos climáticos adversos como secas, por exemplo.
Recursos e Climate-Smart Agriculture
Diante da relevância e da urgência em levar inteligência climática para agricultura, o World Bank Group (WBG) destinou, em 2020, 52% de seu financiamento para agricultura à práticas que visavam adaptação e mitigação do clima.
Além disso, o portfólio do WBG também terá um maior foco no impacto em escala, analisando projetos em relação aos riscos climáticos.
Isso é importante, pois, além de representar avanços nos Objetivos de Desenvolvimento sustentável (ODS) para ação climática, pobreza e erradicação da fome, também vai ajudar os países clientes a implementarem as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no setor agrícola.
A relação entre o Plano ABC e o CSA
No Brasil há também o Plano ABC+, uma política pública de baixo carbono voltado para o setor agropecuário.
Para dar um contexto, na COP15 (Copenhague, 2009), o Brasil assumiu o compromisso de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEEs).
A partir disso, foi criado o ‘Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura’, também chamado da de Plano ABC.
O Plano ABC (renovado para o período de 2020 2030 sob o nome de ABC+) é uma política pública que apresenta em detalhes as ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima para o setor agropecuário.
O plano aponta de que maneira o Brasil vai cumprir os compromissos assumidos de redução de suas emissões neste setor.
Neste contexto, foi criado o Programa ABC, pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), que oferece incentivos econômicos e financiamento aos produtores para implantar as atividades do Plano.
Em resumo, o Programa ABC é uma iniciativa de crédito que oferece empréstimos a juros baixos para produtores que querem implementar práticas agrícolas sustentáveis.
Essas práticas incluem, por exemplo:
- Sistema de Plantio Direto;
- Restauração de pastagens degradadas;
- Plantio de florestas comerciais;
- Uso de fixação biológica de nitrogênio;
- Tratamento de dejetos animais;
- Integração lavoura-pecuária-floresta.
CSA na prática
Quando falamos em Climate-smart Agriculture, há uma série de práticas e tecnologias que podem ser adotadas, por exemplo: manejo do solo visando a sua qualidade e a manutenção de sua umidade; manejo adequado das lavouras; gestão de recursos hídricos etc.
A Agrosmart acredita que, através de tecnologia, é possível tornar a produção de alimentos mais produtiva, sustentável e resiliente ao clima, seja em lavouras irrigadas ou de sequeiro.
No caso das áreas irrigadas, o nosso manejo de irrigação é capaz de tornar o uso da água mais eficiente, o que além de melhorar a pegada hídrica da produção, também reduz os gastos com energia dos sistemas e irrigação, diminuindo também a pegada de carbono do sistema.
Além disso, a Agrosmart também promove inteligência climática nas lavouras através de soluções que permitem ao agricultor:
- otimizar a aplicação de defensivos e fertilizantes;
- ter mais a eficiência no controle de pragas e doenças;
- saber o momento ideal de entrar com o maquinário na lavoura;
- ter um melhor planejamento das atividades agrícolas em função das condições meteorológicas;
- e muito mais.
Confira, a seguir, como estamos fazendo isso.
Agropecuária Santa Catarina | inteligência climática na produção de soja e milho
Fazenda Chapadão | inteligência climática no café com o manejo de irrigação AQUA
Terra Coco | inteligência climática na produção de coco com o manejo de irrigação AQUA
Agrofarm | inteligência climática nas lavouras de grãos com manejo de irrigação AQUA
Conclusão
Diante do cenário de mudanças climáticas, as incertezas na produção de alimento só crescem. Por isso, é vital que transicionar os sistemas de produção para modelos mais produtivos, sustentáveis e resilientes ao clima.
Assim, será possível atingirmos as metas de produção de alimentos para 2030 e 2050, promovendo segurança alimentar em todo mundo.
Neste contexto, a tecnologia tem um papel-chave de colaborar para essa transição a partir de ferramentas que tragam inteligência climática para o dia a dia dos agricultores.
E é por isso que a Agrosmart oferece soluções que ajudam a levar eficiência ao dia a dia dos produtores, reduzindo custos e elevando a resiliência das lavouras.
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