O que é a COP26 e como ela impacta o Agronegócio Brasileiro

cop26 e o agronegócio

A COP26 (Cúpula do Clima) apresenta para o agronegócio brasileiro importantes desafios, cujas soluções vêm sendo desenvolvidas por meio do Plano ABC

A COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas coloca o Brasil no centro das discussões sobre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

A cobrança ao País é de que zere o desmatamento ilegal, sobretudo na Amazônia, e incentive práticas agrícolas sustentáveis, baseadas em inovação e uso de tecnologias.

Tais práticas já são desenvolvidas no país desde 2012, por meio do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). Que é considerado o “maior plano de fomento à tecnologias sustentáveis de produção do mundo”.

Mas, apesar de o Plano ABC já ter alcançado quase 50 milhões de hectares, o que mais chama a atenção do mundo no Brasil é o avanço do desmatamento na Amazônia Legal.

Essa preocupação está relacionada tanto com o meio ambiente, quanto com a saúde humana, o que requer ações mais positivas por parte do poder público. Entenda mais sobre o assunto neste artigo!

O que é a COP26

Conhecida como Cúpula do Clima, a COP (Conferência das Partes na Convenção-Quadro) é um evento anual realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

É o segundo evento mais importante do mundo sobre mudanças climáticas – o primeiro é o Acordo de Paris, tratado mundial cujo objetivo único é reduzir o aquecimento global.

A previsão é de que a 26ª edição da cúpula (COP-26) aconteça entre 31 de outubro e 12 de novembro de 2021 em Glascow (Escócia); após seu adiamento em 2020, devido à pandemia de Covid-19. 

São três as prioridades da ONU para esta edição:

  1. Manter a meta de limitar o aumento da temperatura média global em 1,5º Celsius, o que implica reduzir em 45% as emissões de gás carbônico (CO2) em 2030, ou de 25% até aquele ano para o aquecimento ser limitado a 2º C;
  2. Cumprimento da promessa por parte dos países desenvolvidos de investirem US$ 100 bilhões por ano em ações de combate às mudanças climáticas em países em desenvolvimento;
  3. Aumentar em ao menos a metade o financiamento para adaptação dos fundos públicos direcionados ao clima.

Para a ONU, “salvar as gerações do presente e do futuro é uma responsabilidade comum”.

Veja no quadro abaixo alguns impactos do aquecimento global:

Diferença de meio grau Célsio gera grande impacto (Reprodução WRI Brasil)

O aquecimento global tem como causa as emissões na atmosfera dos GEEs (gases de efeito estufa), como o gás carbônico e o gás metano (CH4).

De acordo com um estudo publicado em dezembro de 2020, as emissões de CO2 chegaram a 34 bilhões de toneladas em 2020.   

Como não há floresta no mundo que absorva essa quantidade de GEEs, a solução é reduzir as emissões.

Qual a importância da COP26 e qual a sua relação com o agronegócio?

A COP26 é importante para traçar novas metas de ações contra as mudanças climáticas e avaliar metas estipuladas no Acordo de Paris, realizado em 2015.

Dentre as metas do Acordo de Paris, estavam:

  • A ampliação da produção de energia renovável;
  • Ajuda em dinheiro para países pobres combaterem o aquecimento global;
  • A redução da emissão de GEEs.

Assim, a perspectiva para a COP26 é de haver maior compromisso por parte dos países desenvolvidos. Ainda mais após anúncio recente dos Estados Unidos de investir US$ 11 bilhões por ano em ações de combate às mudanças climáticas.

No Brasil, o Governo Federal sustenta que combate o desmatamento ilegal, com metas de: zerar este problema até 2030; e fazer o mesmo com as emissões de GEEs até 2050.

Outras metas do governo são:

  • Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares;
  • Aumentar o uso de fontes alternativas de energia;
  • Introduzir uma porcentagem de até 18%, na matriz energética, das bioenergias sustentáveis;
  • Usar mais energias limpas no setor industrial, como a energia solar;
  • Ter melhor infraestrutura de transporte.

De acordo com um relatório de 2019, o Brasil lança na atmosfera 2,17 bilhões de toneladas de CO2, sendo que 72% são oriundas da agropecuária.

Quadro mostra emissões de GEEs por atividade econômica no Brasil (Reprodução SEEG Brasil)

Em 2021, o país tem sofrido os impactos das mudanças climáticas na agropecuária, que registrou perdas devido à seca e geadas, sobretudo no Centro-Sul.

Ao mesmo tempo em que enfrenta desafios, o Brasil, no setor agropecuário, possui uma ferramenta importante que pode servir de modelo para outros países: o Plano ABC.

O que é o Plano ABC

Durante a COP26, o Plano ABC será a “carta na manga” do governo brasileiro. Em visita ao Brasil, o presidente da COP26, Alok Sharma, conheceu os trabalhos do Plano ABC.

Para Sharma, outros países devem seguir o modelo adotado pelo Brasil, onde o Plano ABC é a principal política pública voltada para reduzir as emissões de GEEs.

Isso porque, o plano possui o Programa ABC, linha de crédito por meio da qual é possível fazer investimentos na propriedade rural, baseados em inovação, tecnologia e sustentabilidade.

Entre julho e dezembro de 2020, o Programa ABC financiou R$ 1,9 bilhão. Com isso as áreas com tecnologias sustentáveis do país avançaram em mais de 750 mil hectares.

No Plano Safra 2021/2022, o Governo Federal elevou em 101% os recursos para projetos de agricultura que promovam a sustentabilidade, o principal deles o Programa ABC.

Além disso, os recursos disponibilizados: são de R$ 5,05 bilhões; com taxas de juros que variam entre 5,5% e 7% ao ano; carência de 8 anos; e prazo máximo de 12 anos para pagamento.

O governo pretende lançar até o final desde ano o ABC+, que será uma nova versão do plano para fortalecer ainda mais a política de redução de carbono e será executado até 2030.

Além do Plano ABC (voltado para o agronegócio), o Brasil deve apresentar na COP26 dados sobre a preservação ambiental. O país tem 66% do território preservado, 26,7% deles nas fazendas.

Os dados são do CAR (Cadastro Ambiental Rural), que destina uma porcentagem da propriedade para preservação de mata nativa. A porcentagem varia de acordo com a região, sendo maior na Amazônia.   

Outro destaque para o agronegócio do país na COP26 é o fato de que, desde 1976, o Brasil aumentou em 456% a produtividade, enquanto o aumento da área cultivada foi de 55%.

Conclusão

O Brasil tem condições de sair da COP26 com saldo positivo, caso saiba aproveitar bem os dados concretos que possui sobre o Plano ABC e o agronegócio e fortaleça os compromissos para combater as mudanças climáticas, sobretudo o desmatamento ilegal.

Entretanto, as declarações precisam vir acompanhadas de ações concretas, como o aumento de recursos para fortalecer a fiscalização ambiental com vistas ao combate do desmatamento.

Isso porque, a sociedade e o agronegócio que atuam na legalidade querem um Brasil que seja visto no mundo como um país que produz com qualidade, sustentabilidade, e em quantidade.

Esse é o tripé sobre o qual deve estar o país para que a sobrevivência das próximas gerações, aqui e no resto do mundo, sejam garantidas.