O que significa excesso e déficit hídrico na agricultura?

Por Danielle Castan

Excesso e déficit hídrico: entenda suas definições, a importância da quantidade certa de água no manejo das culturas e mais!

Tanto o excesso quanto o déficit hídrico são prejudiciais para a produção agrícola, por interferirem diretamente no desempenho das plantas.

Entendendo sobre os fatores que contribuem para essas duas situações, você pode atuar diretamente para a conservação dos recursos hídricos.

Dessa forma, neste artigo vamos definir excesso e déficit hídrico, suas consequências e quais as práticas que podem ser realizadas com o propósito de conservação da água. Venha conferir!

Importância da água

É indiscutível a importância da água para a vida. Embora, represente 70% da Terra, apenas 2,5% correspondem à água doce.

De acordo com as condições climáticas diversificadas e características edafoclimáticas do Brasil, a agricultura possibilita o cultivo de várias espécies.

Entretanto, pouca parte da agricultura brasileira apresenta a inserção de sistemas de irrigação para o fornecimento de água para as plantas.

Porcentagens de áreas irrigadas no mundo projetado
(Fonte: FAO (2021))

A irrigação pode conferir maior competitividade na produção agrícola em virtude de aumentos de produtividades e possibilidade do cultivo fora de época tradicional dependente das chuvas.

Excesso hídrico

Certamente as plantas apresentam mecanismos que possibilitam viver e até mesmo produzir sobre uma ampla faixa de umidade do solo.

No entanto, quando a quantidade de água no solo for acima do exigido pela cultura, então teremos o excesso hídrico, o que pode prejudicar a plantação.

Por isso o efeito desse excesso sobre as plantas depende do estádio de desenvolvimento da cultura como também sua duração.

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Principalmente em regiões úmidas, as culturas são afetadas pelo excesso de água devida às inundações ou pela saturação do solo após chuvas intensas.

O excesso de água pode ter como origem o tipo de solo, chuvas intensas, manejo deficiente, técnicas de irrigação inadequadas bem como topografia desfavorável.

Portanto, as consequências desse excesso podem ser verificadas em várias etapas da produção e em intensidades distintas conforme o material genético.

  • Na semeadura ou plantio (caso da cana-de-açúcar) podem resultar no assoreamento (deposição de excesso de solo sobre material propagativo) como resultado necessitando um replantio;
  • Prejudica o desenvolvimento de raízes e da parte aérea, bem como a fixação de nitrogênio, no caso de leguminosas
Sintomas decorrentes do excesso hídrico em plantas de soja no estádio vegetativo.
(Fonte: Darci Francisco Uhry Junior)
  • Potencializa o efeito de doenças;
  • Maior lixiviação de nutrientes;
  • Reduz a produtividade.

Fisiologicamente, a baixa disponibilidade do oxigênio causa redução da respiração e volume total de raízes bem como comprometendo a absorção de nutrientes.

Se o excesso hídrico durar muitos dias pode causar danos irreversíveis e, às vezes, a morte das plantas, dependendo do tipo de solo, fase fenológica e espécie cultivada.

Por exemplo, Letey e colaboradores (1962) constataram com três dias de ausência de oxigênio nas raízes de algodão e feijão na fase vegetativa houve diminuição do crescimento.

Déficit hídrico

Assim se denomina por déficit hídrico quando a precipitação é menor do que a evapotranspiração das plantas num determinado período.

Ou seja, quando ocorre a falta de água no momento em que a planta necessita para se desenvolver.

Portanto, para identificar se haverá probabilidade de ocorrer a falta de água em determinado momento deve-se realizar o balanço hídrico.

Assim, o balanço hídrico permite identificar quais as épocas de seca e maior disponibilidade hídrica, possibilitando o planejamento da época de semeadura e de colheita.

Por meio do balanço hídrico, se ajustam os manejos da irrigação de acordo com a necessidade da cultura, racionalizando o uso da água.

Com o intuito de elaborá-lo, determina-se a camada de solo de concentração das raízes da espécie (95% ou mais do sistema radicular), a série histórica das chuvas e da evapotranspiração.

Dessa forma podem ser obtidos os dados de precipitações por regiões pelo INPE , INMET ou estação meteorológica instalada na própria propriedade.

Componentes para o balanço hídrico, considerando entrada (precipitação e irrigação) e saídas (evaporação, transpiração, enxurrada, drenagem e lixiviação) de água no sistema.
(Fonte: Reichardt e Timm, 2012)

Conforme vimos, a falta de água pode interferir no desenvolvimento das plantas em diferentes fases do ciclo, desde os processos iniciais de germinação de sementes até na floração.

  • Redução da porcentagem de germinação das sementes;
  • Menor desenvolvimento da parte aérea;
  • Causa aborto e abscisão das flores;
  • Prejudica o enchimento de grãos;
  • Morte de plantas
Falha na brotação de cana-de-açúcar devido à falta de água. (Fonte: Própria autora)

Então, quando a quantidade de água no solo diminui, a absorção de água pelas plantas é dificultada, devido ao aumento da força de retenção.

Portanto, quanto maior forem as taxas de evapotranspiração, dessa forma será necessidade de fornecimento de água também.

Práticas de manejo sobre o excesso e déficit hídrico

Decerto que existem práticas que possibilitam ajustar a quantidade de água necessária às plantas, permitindo a obtenção de altas produtividades.

Portanto, quando se tem excesso, devido à má drenagem do solo ou tipo de solo, é recomendável realizar sistemas de drenagem, além de utilizar nestas áreas, culturas mais resistentes ao excesso de água.

Ao mesmo tempo que realizar a semeadura na época correta.

De tal forma que em situações de falta de água, práticas como utilização de cultivares mais resistentes à seca e uso de irrigação são importantes.

O rendimento da lavoura irrigada é 1,8 vezes maior do que em sequeiro, ou seja, quase o dobro de produtividade (FAO, 2021).

Por isso, o manejo da irrigação se feito de modo correto, não ocorre como desperdício de água.

Por fim do monitoramento constante do clima, como precipitação, temperatura e umidade, o uso da irrigação é mais eficaz.

Pois só será fornecido água para a cultura enquanto ela necessitar.

Desse modo, é feita a irrigação sustentável, com a finalidade de aumentar a produtividade sem desperdício de água.

Conclusão

Ademais, nesse artigo foi abordado a importância da quantidade certa de água para as plantas durante seu ciclo.

Então vimos a definição de excesso e déficit hídrico bem como suas práticas adequadas de manejo.

Igualmente a irrigação é um ponto-chave de aumento de produtividade quando se tem o estresse hídrico.

Além disso, geram grande economia para o produtor com o menor uso de água e otimização da produção agrícola.

É produtor? Que tal conhecer o manejo de irrigação da BoosterPRO?


Referências:

LETEY, J.; STOLZY, L.H.; BLANK, G. Effect of duration and timing of low soil oxygen content on shoot and root growth. Agronomy Journal, v. 54, p.34-37, 1962.

REICHARDT, K.; TIMM, L. C. Solo, planta e atmosfera: conceitos, processos e aplicações. 2ed, Barueri: Manole, 2012, 502p.