Resumo da COP26: Agro, Mercado de Carbono e muito mais!

Em resumo, após duas semanas, COP26 (Conferência do Clima) finaliza o livro de regras do Acordo de Paris, mas é criticada por ausência de metas de redução dos GEEs

O principal avanço da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) foi a a finalização do livro de regras do Acordo de Paris, documento que cria o mercado global de carbono, mas arrasta para 2022 as ações concretas sobre o tema.

Por isso, as Nações Unidas consideram o acordo da Conferência um “passo importante, mas não o suficiente”, devido a ausência de metas efetivas para reduzir o aquecimento global.

Mas, enquanto os 197 países não conseguiram estabelecer ações reais, cerca de 500 empresas concordaram em levantar US$ 130 trilhões (40% dos ativos financeiros mundiais) para alcançar as metas do Acordo de Paris, o que já é um grande avanço.

Dentre elas estão diversas empresas do agronegócio, cujo protagonismo na COP26 foi bem maior que em outras edições da conferência.

E o Brasil, como uma das maiores potências mundiais do agro, tem importante responsabilidade na execução destas ações. Acompanhe a seguir!

A COP26 e o relatório do clima (IPCC)

De acordo com o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ligado às Nações Unidas), publicado este ano, as alterações climáticas já estão acontecendo.

Assim, em 2021, o mundo tem visto eventos climáticos em diversos países como: incêndios; secas e geadas severas (sobretudo no Brasil); enchentes; derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.

Além disso, o relatório também aponta que existe um sério risco de o mundo atingir ou exceder 1,5º C de aquecimento nas próximas duas décadas. O que pode trazer consequências desastrosas para todo o planeta.

Diante disso, é preciso começar a tomar algumas ações.

Nesse contexto, a Conferência, que foi realizada em Glasgow (Escócia), entre 31 de outubro e 13 de novembro, é o evento com maior potencial para mudar o rumo da humanidade.

Resumo dos principais resultados da COP26

Da COP26 participaram cerca de 50 mil pessoas, compartilhando ideias e soluções visando à construção de parcerias e coalizões. 

As Nações Unidas consideram que a conferência apresentou “anúncios encorajadores”, como reconhecer que as emissões dos GEEs terão de cair 45% até 2030, em relação a 2010; e serem reduzidas a zero até 2050, para assim estabilizar o aquecimento global em 1,5º C.

Também foi decidido o estabelecimento de um plano de trabalho para acelerar as ações de mitigação e da implementação ainda nesta década. Mas, que será adotado somente na COP27.

Além disso, China e EUA se comprometeram a aumentar a cooperação climática na próxima década reduzindo suas emissões e a adotando fontes de energia limpa.  

Desmatamento

Líderes de mais de 120 países, onde estão cerca de 90% das florestas do mundo, se comprometeram a conter e reverter o desmatamento até 2030.

Assim, segundo alguns ambientalistas, isso é muito importante, principalmente para o Brasil, que tem parte de suas emissões de gases do efeito estufa vindas do desmatamento.

Além disso, os principais compradores de commodities do Brasil (China, Estados Unidos e União Europeia) aderiram ao pacto. E, com isso, devem cobrar do governo brasileiro que os produtos sejam produzidos em áreas não desmatadas.

Redução do metano

Mais de 100 países, liderados por EUA e União Europeia, prometeram reduzir as emissões, até 2030, do gás metano, que se dissipa mais rápido na atmosfera e provoca cerca de 802 vezes mais aquecimento que a mesma quantidade de CO2.

Carvão

Mais de 40 países grandes usuários de carvão, como Polônia, Vietnã e Chile, se comprometeram a abandonar o minério.

Porém, de última hora, a China e Índia modificaram o texto preliminar sobre redução de carvão – ao invés de “eliminação”, optaram por “redução gradual”. 

Financiamento para ação climática

Além disso, outro ponto importante da COP26 é o financiamento para ação climática. É preciso recursos para que os objetivos do Acordo de Paris sejam atingidos.

Assim, no texto final consta que é preciso “um aumento significativo do apoio para países em desenvolvimento, além de US$ 100 bilhões por ano”.

Por fim, o acordo pede que governos antecipem os prazos dos planos de redução de emissões e convida os 197 países a reportarem o progresso sobre as ações climáticas na COP27.

Impactos dos acordos da COP26 na economia

A classe empresarial prevê que os acordos da COP26 tenham reflexos mais diretos nos setores da indústria química e de cimento.

No Brasil, segundo a CNI (Confederação Nacional das Indústrias): “Muitas empresas já se comprometeram a alcançar a neutralidade climática até 2050”. Contudo ainda há incerteza sobre como isso será feito.

Além disso, na Conferência, governos e empresas assinaram acordos com relação ao transporte, para encerrar a venda de motores de combustão interna até 2035 nos principais mercados e até 2040 em todo o mundo. 

Assim, ao menos 13 nações se comprometeram também a parar com a venda de veículos pesados movidos a combustíveis fósseis até 2040.

Já a Irlanda, França, Dinamarca e Costa Rica lançaram uma aliança inédita para encerrar a exploração e extração nacional de petróleo e gás.

Porém, ao falar de energias renováveis, ainda há incertezas no mercado. Pois, se por um lado já existe a agenda ESG pressionando a adesão a tais medidas; por outro ainda há uma preocupação de que a transição para tais energia não ocorra de forma tão rápida em todos os setores.

Regularização do mercado de carbono na COP26

O avanço mais importante da COP26 foi a regularização do mercado de carbono, que era o tema mais importante para o Brasil na conferência.

A proposta aprovada, de autoria do governo brasileiro, determina a criação de um orgão nas Nações Unidas para intermediar a compra e venda de créditos de carbono.

Com o acordo sobre os créditos, foi possível finalizar as últimas cláusulas do Acordo de Paris.

Agora, os países poderão comercializar os créditos de carbono entre si, o que é fundamental para a transição para uma economia de baixo carbono e a reduzir o aquecimento global.

No Brasil, a Câmara dos Deputados aprovou recentemente o regime de urgência para o Projeto de Lei 528/21, que institui o MBRE (Mercado Brasileiro de Redução de Emissões) e regula a compra e venda de créditos de carbono no país.

Pela proposta, o crédito de carbono é um certificado que atesta e reconhece a redução de emissões de GEEs.

Assim, projetos de reflorestamento, por exemplo, poderão ser atrelados a ações de redução de GEEs, e negociados com empresas, governos ou pessoas físicas.

Impactos da COP26 no agronegócio

A Conferência nunca antes havia tido tamanha presença de empresas do agronegócio, que se mostraram empenhadas em contribuir com a redução das emissões de GEEs e com a preservação do meio ambiente.

Assim, o setor ganhou grande protagonismo nos debates.

Mas, a pressão sobre o agronegócio também tende a ser grande, pois, segundo uma divulgação da própria ONU, é preciso cautela já que a cadeia agroalimentar tem potencial para se tornar um dos maiores emissores de GEEs.

Ainda, de acordo com a ONU, atualmente 31% das emissões de GEEs (16,5 bilhões de toneladas) vêm de sistemas agroalimentares. O que representa um aumento de 17% em relação a 1990.

Além disso, das emissões globais causadas pelos sistemas agroalimentares em 2019:

  • Vieram de dentro das fazendas 7,2 bilhões de toneladas;
  • Tiveram origem nos processos da cadeia de abastecimento 5,8 bilhões de toneladas;
  • E 3,5 bilhões de toneladas vieram da exploração de terras.

Dessa forma, uma ferramenta importante do agronegócio brasileiro para fomentar práticas agrícolas modernas e sustentáveis é o Plano ABC, que ganhou nova versão recentemente, com o lançamento do ABC+.

O plano visa cortar a emissão de carbono em 1,1 bilhão de toneladas até 2030, e introduzir tecnologias de produção sustentável em quase 73 milhões de hectares em nove anos.

Assim, os produtores rurais podem acessar o ABC+ por meio do Programa ABC, que oferece projetos de crédito rural.

Conclusão

A COP26 apresentou ao mundo como de mais importante a finalização do Acordo de Paris e a criação de um mercado global de carbono.

Isso pode ser muito benéfico para o Brasil, em especial o setor do agronegócio.

É possível obter lucratividade na produção agropecuária com a utilização de tecnologias sustentáveis e que favoreçam o sequestro de carbono.

Por fim, é preciso acabar com o desmatamento ilegal, sobretudo da Amazônia, se o Brasil quiser, de fato, colaborar no combate às mudanças climáticas.

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