EBOOK GRATUITO
Guia Manejo Inteligente da Irrigação
O guia perfeito para você aprender sobre economia de água, energia e insumos.
Para quem é esse e-book
Esse e-book foi feito para ajudar produtores rurais e até mesmo profissionais de agronomia a entenderem:
- O que é um manejo de irrigação;
- Como funcionam os diferentes tipos de manejo de irrigação;
- Quais variáveis influenciam neste manejo;
- E de onde é que vêm dos dados necessários para um bom manejo.
Além disso, serão abordados alguns conceitos-chaves neste material para que você possa entender a complexidade de fatores que influenciam no manejo da irrigação.
Portanto, é um material de nível intermediário destinado a quem já possui um contato com o dia a dia no campo, os desafios da lavoura e o uso de sistemas de irrigação.
Sobre este e-book
Se você é irrigante talvez já tenha ouvido falar em manejo de irrigação em algum momento.
Mas, será que isso é mesmo capaz de melhorar a sua irrigação e trazer recomendações mais eficientes?
A resposta é sim! Infelizmente, apenas irrigar não basta. Isso porque, além de fornecer água à planta é preciso fazer isso com precisão, levando em conta o momento ideal e a quantidade adequada de água.
E é aí que o manejo da irrigação entra. Através dele é possível economizar água, energia elétrica e ainda, em muitos casos, elevar a produtividade da lavoura ou pomar devido à oferta precisa de água.
No entanto, muitos produtores ainda não conhecem o potencial de ganho que um manejo de irrigação é capaz de trazer. Ou, possuem dúvidas em relação ao funcionamento neste sistema.
E é por isso que fizemos este material: para que você entenda os conceitos-chaves que estão por trás deste manejo.
Neste e-book, produzido pela Agrosmart, você pode estudar tudo sobre Manejo de Irrigação, e entender a razão pela qual, muitas vezes, as recomendações de irrigação variam de acordo com o método utilizado.
Boa leitura!
SUMÁRIO
(Clique sobre os capítulos para navegar até eles)
2. A diferença entre Sistema de Irrigação e Manejo de Irrigação
• O que é e como funciona um sistema de irrigação?
• O que é um manejo de irrigação?
3. Entendendo a influência do solo no manejo de irrigação
• Conhecendo alguns conceitos-chave sobre o solo
• A importância da Água Disponível no Solo para a irrigação
• Monitorando a umidade do solo
4. A influência da atmosfera no manejo de irrigação
• Conhecendo alguns conceitos-chave sobre atmosfera e o manejo de irrigação
• Fatores que influenciam na evapotranspiração
• Calculando uma estimativa de evapotranspiração
5. A influência da planta no manejo de irrigação
• Conhecendo alguns conceitos-chave sobre a planta e o manejo de irrigação
• Os efeitos negativos do excesso e déficit hídrico nas plantas
6. Como as tecnologias podem ajudar no manejo de irrigação
A água tem um papel fundamental na produção agrícola, pois ela influencia desde a emergência das plantas ao desenvolvimento dos frutos e enchimento dos grãos.
No entanto, devido às condições climáticas, alguns locais não possuem um regime de chuvas suficiente para atender à demanda hídrica das lavouras ou pomares, sendo necessário irrigar.
E a irrigação nada mais é do que uma prática que, a partir de equipamentos e tecnologia, busca suprir a falta parcial ou total de água para as plantas.
No Brasil, as áreas irrigadas já somam 8,2 milhões de hectares, dos quais 2,9 milhões possuem fertirrigação, de acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas). Com isso, o Atlas da Irrigação de 2021 estima que o uso da água pela agricultura irrigada seja de 965 m3/s ou 965 mil litros/s.
E esse número deve aumentar nos próximos anos, uma vez que a agência projeta uma incorporação de 4,2 milhões de hectares irrigados até 2040 – alta de 51% frente à área atual – mas com uma área potencial de até 55,85 milhões de hectares.
Mas não é só no campo, com a irrigação, que o consumo de água deve crescer. A ANA também estima que o abastecimento urbano e a indústria ampliem suas demandas por recursos hídricos.
Ou seja, pode haver um aumento na concorrência pelo uso da água, podendo levar a uma maior pressão da sociedade e do mercado sobre a gestão desse recurso visando o seu melhor aproveitamento.
Custos em alta!
Em paralelo a isso, em 2018 foi publicado o decreto Nº 9.642 que tem por objetivo reduzir os descontos concedidos à tarifa de energia elétrica voltados às unidades de consumo classificadas como rurais.
Mesmo que o decreto não elimine os descontos no período reservado (21h30min às 06h00min), ele vai impactar os produtores rurais, pois não haverá mais cumulatividade de descontos no horário noturno.
Além disso, alguns estados podem mudar suas regras. No Paraná, por exemplo, a expectativa é de que, em dezembro de 2022, seja suspensa a tarifa noturna de consumo de energia elétrica.
Ou seja, a conta de luz pode ficar mais cara elevando os custos com irrigação – que já são bastante altos.
Antes de falar sobre o que é que está por trás de um manejo de irrigação, é preciso, primeiro, diferenciá-lo do sistema de irrigação.
Então, a seguir, conheça um pouco mais sobre essas duas técnicas, suas variações e aplicações.
O que é e como funciona um sistema de irrigação?
A irrigação é uma técnica que, por meio de equipamentos e tecnologia, visa suprir a demanda de água das plantas para que a lavoura possa produzir de maneira adequada e atingir o seu potencial produtivo.
Assim, a irrigação tem um papel fundamental em áreas em que as condições locais são de baixa disponibilidade hídrica ou má distribuição de chuvas.
Atualmente, no Brasil, há 3 tipos principais de irrigação, são eles:
- Irrigação superficial: feita por meio do sistema de irrigação por inundação ou irrigação por sulco;
- Irrigação localizada: realizada através do sistema de irrigação por microaspersão ou irrigação por gotejamento;
- Irrigação por aspersão: que compreende a irrigação por pivô, a irrigação convencional e a irrigação auto-propelida.
Para escolha do sistema mais adequado para sua lavoura, é importante levar em conta:
- O tipo de solo da lavoura;
- O relevo presente na área;
- A disponibilidade de água da região;
- O clima predominante;
- A cultura que será cultivada etc.
Ou seja, não existe sistema melhor ou pior, mas sim o mais adequado para a realidade da sua produção.
Porque apenas irrigar não basta?
De acordo com o ANA, a irrigação tem diversos benefícios para a lavoura ou pomar, como por exemplo:
- O potencial de aumento da produtividade, em relação às áreas de sequeiro;
- A redução do custo unitário de produção;
- A possibilidade de uso do solo durante todo o ano agrícola, com até três safras;
- A atenuação da sazonalidade climática e dos riscos de produção associados;
- E até o aumento na quantidade e regularidade da oferta de alimentos;
Porém, não basta apenas irrigar. Isso porque, como mencionado anteriormente, com a tendência de aumento na demanda por recursos hídricos nos próximos anos e o encarecimento da energia elétrica, a irrigação precisará ser cada vez mais eficiente.
Além disso, essa eficiência na irrigação também é necessária para que ela alcance todos os benefícios que ela é capaz de gerar.
E o que pode tornar os sistemas irrigados mais eficientes, econômicos e até mais produtivos é o Manejo da Irrigação.
O que é um Manejo de Irrigação?
O manejo da irrigação consiste em determinar o momento, a quantidade e como aplicar a água na lavoura ou pomar, levando em consideração outros aspectos do sistema produtivo como: o controle fitossanitário, as condições meteorológicas, econômicas e as estratégias de manejo da cultura.
Em resumo, um bom manejo de irrigação traz uma recomendação precisa de QUANDO e QUANTO irrigar.
Tipos de Manejo de Irrigação
Grande parte dos produtores irrigantes decidem quando irrigar de forma simples e sem o auxílio de equipamentos. Porém, a decisão feita no “olhômetro” ou no “bico da bota” resulta em desperdício de água e aumento dos custos relacionados à irrigação.
Além disso, a produtividade da lavoura é comprometida, devido ao excesso ou falta de água disponível para as plantas.
Porém, é possível adotar um Manejo de Irrigação eficiente e preciso, e há algumas formas de fazer isso:
- Via solo, na qual a recomendação se baseia nas condições de umidade do solo;
- Via atmosfera, na qual a recomendação se baseia apenas nas condições atmosféricas;
- Via planta, baseado nas condições de água na planta;
- E o manejo integrado, que controla a irrigação via atmosfera e via solo de forma conjunta.
Vantagens e desvantagens de cada tipo de Manejo de Irrigação
Cada um desses quatro tipos de manejo de irrigação tem suas vantagens, desvantagens e particularidades. Entenda melhor a seguir.
Manejo de irrigação via solo
Pode ser usado em todos os tipos de irrigação e culturas. Porém é mais indicado para irrigação localizada, principalmente para gotejamento e microaspersão.
Isso porque, nestes tipos de irrigação o turno de rega é mais frequente e se costuma manter a umidade próxima à capacidade de campo com maior constância, mantendo ar nos macroporos do solo (mas calma que vamos explicar isso melhor mais pra frente).
Vantagens
- O solo se mantém com um bom teor de água, o que favorece o desenvolvimento da cultura;
- Não interfere nos tratos fitossanitários.
Desvantagens
- Dependente mais da curva de retenção de água no solo;
- Não faz uso de dados meteorológicos, que são importantes para uma boa gestão do manejo da irrigação.
Manejo de irrigação via atmosfera
Esse tipo de manejo pode ser usado em todas as culturas e sistemas de irrigação.
Mas, normalmente é mais utilizado em sistemas de irrigação por aspersão.
Vantagens
- Tem um monitoramento eficaz da influência da condição do tempo no consumo de água pela planta:
- Permite acompanhar a evapotranspiração;
- É aplicável para diferentes culturas, em várias fases de desenvolvimento em um mesmo local.
Desvantagens
- Faz uso de muitos cálculos e fórmulas empíricas.
Manejo de irrigação via planta
Já o manejo de irrigação via planta pode ser usado em todas as culturas – de grãos à frutas, de cana-de-açúcar à café – e sistemas de irrigação.
Vantagens
- Avalia diretamente as condições fisiológicas da planta e a sua demanda hídrica.
Desvantagens
- Tem variáveis complexas para serem analisadas, por isso é uma técnica mais usada em pesquisas;
- Tem pouco uso prático no dia a dia;
- Alto custo dos instrumentos;
- É necessário que a planta esteja desenvolvida. Assim, em culturas anuais, não é possível usá-lo nas fases iniciais da safra.
Manejo de irrigação integrado, via solo e atmosfera
O manejo de irrigação combinado via solo e atmosfera pode ser usado em todas as culturas e sistemas de irrigação. Ou seja, é bastante flexível para as condições da lavoura ou pomar.
Vantagens
- Maior precisão para determinar o momento de irrigar;
- Ajuda a adequar a lâmina de irrigação, pois a irrigação é feita com base na evapotranspiração e é monitorada pelos sensores de umidade instalados no solo.
Desvantagens
- Economicamente, a implantação pode não ser tão viável para áreas muito pequenas de determinadas culturas.
Para entender melhor como esses manejos se diferenciam e também de onde é que vem as recomendações de irrigação em cada um deles, é preciso entender alguns conceitos primeiro, como: a Capacidade de Água Disponível (CAD) no solo; o que é a evapotranspiração e como ela pode ser estimada; como a demanda de água pela planta varia ao longo de seu ciclo; etc.
Então, a seguir, vamos entender como o solo pode influenciar na disponibilidade de água para a planta e, consequentemente, no manejo da irrigação.
Conhecendo alguns conceitos-chave sobre o solo
Para se realizar um bom manejo de irrigação é importante saber as características físicas do solo, pois o solo irá agir como um reservatório de água para a planta. Por esse motivo são feitas análises físicas do solo nas áreas em que é realizada a irrigação.
A partir dessas análises é possível conhecer: a Saturação do Solo, a Capacidade de Campo (CC), o Ponto de Murcha Permanente (PMP) e, posteriormente, a Água Facilmente Disponível (AFD) para as plantas.
- Saturação do Solo: é o ponto em que 100% dos espaços porosos do solo são preenchidos com água.
- Capacidade de Campo (CC): é a quantidade de água que sobra no solo após a drenagem daquela contida nos macroporos e que pode ser drenada apenas pela ação da gravidade.
- Ponto de Murcha Permanente (PMP): é o teor de umidade do solo no qual a planta não consegue mais retirar água dele.
- Capacidade de Água Disponível (CAD): é a diferença entre o teor de água no solo na CC e no PMP. Ou seja, a CAD é o “tamanho do reservatório” de água para as plantas.
- Água Facilmente Disponível (AFD): é a fração de água no solo (parte da CAD) que pode ser retirada facilmente pelas raízes. Quando a AFD se esgota, a planta necessita realizar um maior esforço para conseguir extrair água, gerando um estresse.
É importante mencionar que, o solo é poroso e seus espaços podem ser chamados de macroporos (orifícios maiores) e microporos (orifícios menores). Quando o solo está saturado, todos os poros são preenchidos com água e não há espaço para o ar. Mas, ao drenar bem o solo, a água escorrerá dos macroporos e o ar tomará seu lugar possibilitando a respiração das raízes das plantas.
Assim, quando o solo chega ao Ponto de Murcha Permanente (PMP) ainda há um pouco de água, mas a quantidade é tão baixa que não é acessível às plantas.
Também vale lembrar que, as umidades da Capacidade de Campo (CC) e Ponto de Murcha Permanente (PMP) são altamente dependentes da estrutura do solo. Por isso elas são diretamente afetadas por variáveis como a matéria orgânica; a quantidade de areia, silte e argila do solo; a compactação dele, etc.
A importância da Água Disponível no Solo para a irrigação
A CAD é a quantidade total de água disponível que o solo consegue reter até uma profundidade, que é a profundidade do sistema radicular efetivo (camada de solo onde se concentram a maioria das raízes absorventes).
A dificuldade para a planta extrair água varia conforme a quantidade de água no solo. Quanto menor a porcentagem de água, maior é a dificuldade para extraí-la.
Assim, a fração de água no solo (parte da CAD) que pode ser retirada facilmente pelas raízes das plantas é chamada de Água Facilmente Disponível (AFD).
Quando a AFD se esgota, a planta precisa fazer um esforço maior para conseguir retirar a água, gerando um estresse. Nesse momento, o solo atinge a Umidade Crítica, que é o limite em que deve-se iniciar as irrigações sem deixar as plantas entrarem em estresse.
Portanto, para se obter economia de água o ideal é realizar a reposição de água no solo quando a AFD estiver próxima de se esgotar.
Monitorando a umidade do solo
Monitorar a umidade do solo é de extrema importância para uma irrigação adequada. Isso porque, quando em excesso, a irrigação pode aumentar as perdas de nutrientes por lixiviação, causar a contaminação do lençol freático, aumentar as chances de salinização, aumentar os custos de produção, além de diminuir a oxigenação das raízes das plantas.
Por outro lado, a irrigação abaixo do necessário provoca estresse hídrico nas plantas, gerando perdas na produção e até mesmo a morte de plantas na lavoura.
Por esse motivo, é muito importante ter um acompanhamento da umidade do solo, pois dessa forma é possível fazer um manejo mais preciso e inteligente.
Muitos produtores rurais utilizam ferramentas que auxiliam nesta tarefa, sendo o tensiômetro uma das mais comuns dentre elas. Apesar de ter sido útil no passado, este equipamento já não é mais o melhor, pois, com o avanço da tecnologia, equipamentos muito mais modernos se tornaram acessíveis, facilitando o dia a dia no campo, como é o caso dos sensores de umidade do solo – que são compactos, de baixa manutenção e facilmente instalados, se comparados aos tensiômetros.
Já falamos sobre a influência do solo no manejo da irrigação. Mas, e a atmosfera? Você sabe como é que ela interfere na necessidade de água pelas plantas?
Conhecendo alguns conceitos-chave sobre atmosfera e o manejo de irrigação
Depois de entender como o solo influencia no manejo da irrigação, é preciso saber de que forma as condições atmosféricas interferem nesse processo. Seja na evaporação de água do solo, seja na transpiração de água pelas plantas, algumas variáveis podem influenciar bastante no manejo da irrigação.
Para começar, um conceito muito importante é o da Evapotranspiração. De forma geral, ela é perda de água para a atmosfera pela combinação da: evaporação da água do solo e da vegetação úmida mais a transpiração das plantas.
Assim, o balanço entre a água que entra na cultura pela chuva e a que sai por evapotranspiração (e por escorrimento superficial) vai resultar na variação do armazenamento de água no solo, o que, por sua vez vai condicionar o crescimento, o desenvolvimento e o rendimento da cultura.
Mas, por que não separar a evaporação de água do solo da transpiração de água pelas plantas?
Porque é, quase impossível distinguir o vapor de água que se origina da evaporação de água no solo e da transpiração das plantas de forma prática e viável no dia a dia.
Fatores que influenciam na evapotranspiração
Os fatores determinantes para o processo de evapotranspiração estão relacionados, principalmente, ao clima, à planta e ao manejo do solo.
- Fatores atmosféricos que influenciam na evapotranspiração:
- Temperaturas do ar: ↑ temperatura tende a ↑ evapotranspiração;
- Umidade do ar: ↑ umidade do ar tende a ↓ evapotranspiração;
- Velocidade do vento: ↑ velocidade do vento tende a ↑ evapotranspiração;
- Incidência solar sobre a cultura: ↑ radiação líquida tende a ↑ evapotranspiração;
- Fatores relacionados às plantas que influenciam na evapotranspiração:
- Espécie de planta: influencia na arquitetura foliar e na resistência interna da planta ao transporte de água;
- Estádio de desenvolvimento da planta: influencia na área foliar que irá evapotranspirar, pois ↑ área foliar tende a ↑ evapotranspiração;
- Profundidade de raízes: influencia no volume de solo explorado pelas raízes para atender a demanda hídrica atmosférica.
- Fatores relacionados ao manejo do solo influenciam na evapotranspiração:
- Espaçamento e densidades de plantio: esses fatores influenciam na competição entre as plantas. Assim, conforme ↓ espaçamento ↑ competição por água, o que causa o aprofundamento do sistema radicular a fim de elevar o volume de água disponível. Conforme ↑ espaçamento o sistema radicular fica mais superficial, porém isso permite mais aquecimento do solo e das plantas, e a circulação mais livre do vento entre as plantas, o que pode ↑ evapotranspiração;
- Cobertura do solo e o seu sistema de manejo: ↑ cobertura do solo tende a ↓ evaporação e, com isso, ↓ evapotranspiração;
- Capacidade de Armazenamento de Água (CAD), textura e estrutura do solo: os solos argilosos têm uma maior capacidade de armazenamento de água do que os arenosos, por isso, são capazes de manter uma taxa de evapotranspiração por período mais longo. Porém, em solos arenosos o sistema radicular tende a ser mais profundo, o que pode compensar a menor retenção de água;
- Orientação do plantio: influencia na exposição da cultura ao vento, que é outro fator que pode alterar a evapotranspiração.
Tipos de evapotranspiração
Dependendo das condições da vegetação, do tamanho da área e das condições de água no solo, a evapotranspiração pode ser dividia 4 tipos:
1. Evapotranspiração potencial (ETp) ou de referência (ETo): que é a quantidade de água transferida para a atmosfera, por evaporação e transpiração, em condições do solo sem restrição hídrica, e com uma cultura rasteira em pleno desenvolvimento.
O cálculo da evapotranspiração potencial ou de referência não considera solo seco, por isso, depende apenas das variáveis meteorológicas.
2. Evapotranspiração real (ETR): é a quantidade de água transferida para a atmosfera, por evaporação e transpiração, em condições reais de fatores atmosféricos e umidade do solo. Ou seja, considerando um solo com uma cultura rasteira em pleno desenvolvimento, igual a ETP, porém com OU sem restrição hídrica.
ETR ≤ ETP
(Evapotranspiração real é menor ou igual a Evapotranspiração Potencial)
3. Evapotranspiração de Oásis (ETO): é a evapotranspiração de uma área vegetada e irrigada, que tem ao redor uma área seca, ou seja, sem a presença de área de bordadura.
ETO > ETP
(Evapotranspiração de Oásis é maior que a Evapotranspiração Potencial)
4. Evapotranspiração da cultura (ETc): é a evapotranspiração de uma cultura, em qualquer fase de seu desenvolvimento – da semeadura até a colheita – sem restrição hídrica, ou seja, é a evapotranspiração máxima de cultura. Assim, o cálculo da ETc depende: das condições meteorológicas; do tipo de cultura e da sua fase de desenvolvimento, levando em conta a área foliar, pois isso vai influenciar na transpiração de água pela planta.
ETc = Kc*ETP
(Evapotranspiração da Cultura é igual a Evapotranspiração Potencial multiplicada pelo coeficiente de cultura [Kc])
Calculando uma estimativa de evapotranspiração
Assim como existem diferentes tipos de evapotranspiração, há também metodologias diferentes para estimá-la. E não existe uma metodologia melhor ou pior, existe a mais ou menos adequada de acordo com os dados disponíveis o objetivo que se tem.
No caso da ETP, é possível estimá-la de diferentes maneiras, como por exemplo:
Método de Thornthwaite
⇒ ETP=16*(10*TnI) quando 0 ≤ Tn ≤ 26,0 °C
⇒ ETP=(-415,85+32,24*Tn – 0,43 Tn2) quando Tn>26,0 °C
Método de Thornthwaite com a simplificação de Camargo
⇒ ETP = 30*ETT*Cor
Método de Camargo
⇒ ETP=0,01*Q0*T*ND
Método do Tanque Classe A
⇒ ETO =Kp*ECA
Método de Hargreaves & Samani
⇒ETP=0,0023*Q0*(Tmax-Tmin)0,5*(Tmed+17,8)
Método de Priestley-Taylor
⇒ ETP =1,26*W*(Rn – G)2,45
Método de Penman-Monteith (Padrão FAO)
⇒ ETP = 0,408*s*(Rn – G) + γ*900*U2*(es- ea)T + 275s + γ*(I+ 0,34*U2)
E como escolher um desses métodos? A típica resposta de agrônomo: DEPENDE!
A escolha de um método para estimar a evapotranspiração depende de três fatores muitos importantes:
1º Fator: a disponibilidade de dados meteorológicos
Métodos muito complexos, que necessitam de um grande número de variáveis, só podem ser utilizados quando há a disponibilidade de todos os dados necessários.
Por exemplo, apenas com dados de temperatura do ar não é possível aplicar o método Penman–Monteith.
2º Fator: a escala de tempo
Alguns métodos são melhores para escalas de tempo mensais e outros para escalas diárias.
Por exemplo, Thornthwaite e de Camargo são capazes de estimar bem a ETP em escala mensal, já o para a escala diária, métodos que envolvem o saldo de radiação tendem a ser mais adequados.
3º Fator: as condições climáticas para as quais o método foi desenvolvido
No caso de métodos empíricos, é preciso conhecer as condições climáticas para as quais eles foram desenvolvidos, pois eles não costumam ter aplicação universal.
Assim, enquanto os métodos de Thornthwaite e de Camargo são aplicáveis à regiões de clima úmido, não são adequados para para aquelas de clima seco, pois tendem a subestimar os resultados. Já o método de Hargreaves & Samani é melhor para tais locais, pois foi desenvolvido para estes climas.
Falamos sobre o solo, as condições atmosféricas e como ambos influenciam nos processos de disponibilidade e perda de água, o que, por sua vez, impacta no manejo da irrigação.
Agora vamos falar sobre a razão de tudo isso: as plantas. Afinal, o objetivo da irrigação é fornecer uma solução a um problema climático (a falta de água) que afeta diretamente as plantas de uma lavoura ou pomar.
Conhecendo alguns conceitos-chave sobre a planta e o manejo de irrigação
Dois conceitos básicos relacionados às plantas e que influenciam na demanda de água pela cultura e, por consequência, no manejo da irrigação, são:
- Kc: que é o coeficiente da cultura;
- Fenologia da planta: que é o estudo do desenvolvimento da planta ao longo de suas diferentes etapas, ou seja, germinação, emergência, crescimento, desenvolvimento vegetativo, florescimento, frutificação, formação das sementes e maturação.
Como mencionamos antes, ao falar sobre a evapotranspiração:
ETc (Evapotranspiração da cultura) = ETP * Kc
Esse ‘Kc’ é o coeficiente de cultura e varia de acordo com as fases fenológicas da planta e também entre espécies e variedades (cultivares). Além disso, o Kc é dado em função do IAF (Índice de Área Foliar).
Em culturas anuais – como soja, milho, trigo, feijão etc – à medida que a planta se desenvolve o IAF aumenta até atingir um valor máximo. Em seguida, no período de senescência das folhas, ele começa a diminuir.
Já em culturas perenes – como café, uva, manga etc –, devido ao crescimento contínuo das plantas, o valor de Kc é crescente durante os anos anteriores à maturidade e, a partir daí, ele se torna praticamente constante, com pequenas variações sazonais em função da variação do IAF – por exemplo, no caso do cafeeiro, devido à colheita e ao período de repouso no inverno, o seu IAF diminui alterando o Kc.
Além disso, a necessidade hídrica das plantas varia de acordo com a sua fase fenológica (que tem relação direta com o Kc).
Por exemplo, as culturas perenes muitas vezes precisam de um período de repouso vegetativo (geralmente no inverno). Assim, durante essa fase fenológica o Kc da cultura será menor e, provavelmente, a planta não vai precisar de irrigação.
No caso de uma cultura anual, durante a sua fase de maturação, quase sempre não há necessidade de irrigações.
Em resumo, identificar qual o momento de seu desenvolvimento a planta se encontra é extremamente importante para a irrigação, pois a demanda de água pelas plantas variam ao longo de seu ciclo.
Um manejo de irrigação capaz de levar em conta esse fator, com toda certeza será mais eficiente.
Os efeitos negativos do excesso e déficit hídrico nas plantas
Tanto o excesso quanto o déficit hídrico são prejudiciais para a produção agrícola, por interferirem diretamente no desempenho das plantas.
Quando a quantidade de água no solo estiver acima do exigido pela cultura, então teremos o excesso hídrico, o que pode prejudicar a lavoura. E o efeito desse prejuízo dependerá da duração desse período de excesso de água e do estádio de desenvolvimento em que a planta se encontra.
O excesso de água pode ter como origem o tipo de solo, chuvas intensas, manejo deficiente, técnicas de irrigação inadequadas, bem como uma topografia desfavorável.
Algumas das consequências do excesso de água para as plantas são:
- Prejuízo no desenvolvimento de raízes e da parte aérea;
- No caso de leguminosas, atrapalha na fixação de nitrogênio;
- Potencializa o efeito das doenças;
- Pode levar à maior lixiviação de nutrientes;
- É capaz de provocar uma redução na produtividade da lavoura.
Isso porque, o excesso de água pode reduzir a disponibilidade do oxigênio nos poros do solo, afetando a respiração das plantas e a absorção de nutrientes.
Se o excesso hídrico durar muitos dias pode causar danos irreversíveis e, às vezes, a morte das plantas, dependendo do tipo de solo, fase fenológica e espécie cultivada.
Já o déficit hídrico acontece quando a precipitação é menor do que a evapotranspiração das plantas num determinado período. Ou seja, quando ocorre a falta de água no momento em que a planta necessita para se desenvolver.
Assim, algumas das consequências do déficit hídrico para as plantas, desde os processos iniciais de germinação de sementes até na floração, incluem:
- Redução da porcentagem de germinação das sementes;
- Menor desenvolvimento da parte aérea;
- Aborto e abscisão de flores;
- Prejuízo no enchimento de grãos;
- E até mesmo morte de plantas.
Por isso, é preciso monitorar as condições de solo, atmosfera e o desenvolvimento das plantas na lavoura para saber quando intervir em casos de excesso ou déficit hídrico.
Mas, não basta apenas irrigar, é preciso fazer isso da maneira mais adequada possível, a fim de evitar desperdícios de insumos, danos às plantas e gastos desnecessários.
A tecnologia na coleta e análise de dados
As tecnologias podem ajudar, e muito, no manejo da irrigação, desde à coleta de dados até o processamento e a obtenção de recomendações.
Diferentes sensores, por exemplo, instalados na lavoura ou pomar podem coletar tanto dados do solo, como das condições atmosféricas.
No caso dos sensores de solo, duas grandes vantagens do uso de equipamentos de leitura automática são: a possibilidade de monitorar a evolução detalhada do comportamento de água no solo e também avaliar o efeito das flutuações diurnas de temperatura na leitura de umidade do solo.
Além disso, esses sensores são compactos, de baixa manutenção e mais facilmente instaláveis se comparados aos tensiômetros.
Já as estações meteorológicas automáticas possuem 4 sensores essenciais: o anemômetro, piranômetro, o sensor de temperatura e umidade (termohigrômetro) e o pluviômetro.
- Pluviômetro (geralmente de báscula): mede a precipitação;
- Sensor de temperatura e umidade: geralmente são termistores que medem a temperatura e a umidade do ar;
- Piranômetro: registra a radiação solar global;
- Anemômetro: é um instrumento que mede a velocidade e a direção do vento.
Depois da coleta desses dados, é possível processá-los a partir de algoritmos a fim de realizar os cálculos de estimativas de evapotranspiração e relacioná-los com outras informações para que seja feita a melhor e mais precisa recomendação de irrigação, fornecendo à planta exatamente o QUANTO de água ela precisa e QUANDO ela realmente precisa.
Calcular a lâmina de irrigação e ter uma recomendação precisa com base no microclima da sua lavoura, o seu sistema de irrigação, o tipo de solo e a sua cultura é um grande desafio.
É muito difícil ter o controle das informações necessárias para saber com exatidão quando e quanto irrigar.
Então, imagine ter um manejo de irrigação que monitora a demanda hídrica de cada um de seus talhões e com isso permite:
- O fornecimento adequado de água para as plantas;
- O controle das irrigações e dos dados;
- A economia de água e energia elétrica;
- Um maior controle do estresse hídrico sofrido pela planta;
- A economia de mão de obra, pois evita ter que ir para o campo todo dia para verificar a umidade do solo;
- E ainda ajuda a diminuir a lixiviação de nutrientes – algo ainda mais importante no cenário atual de encarecimento dos fertilizantes.
Com o AQUA, a melhor solução de manejo da irrigação do mercado, é possível ter todos esses benefícios.
Mas, é o melhor mesmo?
Como vimos ao longo desse e-book, um bom manejo de irrigação leva em conta diferentes variáveis. O AQUA faz isso muito bem pois utiliza um Kc com valores que mudam conforme a evolução da fase fenológica da planta.
Além disso, quanto mais sensores em campo, maior a entrada de dados e mais precisa a recomendação da necessidade de água da sua cultura.
No Aqua é possível utilizar os dados da estação meteorológica, sensores de solo, pluviômetro extra e até a previsão do tempo, para ter um manejo de irrigação mais eficiente.
E tudo isso sem a necessidade de internet, wi-fi, 3G, 4G ou 5G na sua propriedade, pois os dados são transmitidos via satélite de qualquer lugar. Ou seja, a melhor conectividade do mercado.
Referências
ANA (Agência Nacional de Águas). Estudo da ANA aponta perspectiva de aumento do uso de água no Brasil até 2030. 2019.
ANA (Agência Nacional de Águas). Atlas Irrigação: uso da água na agricultura irrigada. 2021.
Canal Rural. Após fim do desconto na energia, produtores buscam por opções rentáveis. 2020.
BALBINO, Amanda. 3 formas de fazer o manejo da irrigação na lavoura. 2016. Agrosmart.
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