Defensivos agrícolas e produção do campo

Pulverização com autopropelido

Introdução

Tanto na produção de alimentos que vão direto para a mesa do consumidor como no mercado de commodities, o uso de defensivos agrícolas é visto como uma necessidade por parte dos produtores. Estes comumente vêem a aplicação de químicos na lavoura como um mal necessário para ter maior controle de sua produção.

Muitas sementes hoje são projetadas por grandes empresas para maior produtividade, permitindo que a produção vegetal e seus derivados continue aumentando sem que haja necessidade de ampliação de áreas cultivados. Essas soluções de alta produção costumam necessitar de cuidados específicos, assim quando o produtor passa a utilizar determinada semente, ele está automaticamente comprometido com o uso de um ou outro produto, que já é vinculado àquela cultura ou variedade.

Pulverização com autopropelido
Pulverização com autopropelido

Brasil e o consumo de defensivos

Uma pesquisa recente, divulgada em evento organizado pela FAO/ONU, EMBRAPA, ABAG e ANDEF, mostra que o Brasil é um dos países com alta produção agrícola que menos utiliza químicos, proporcionalmente à sua produção.

O estudo foi organizado pelo professor Caio Carbonari, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu – SP. Segundo os resultados obtidos, o Brasil está na 7ª (sétima) posição em consumo total de defensivos agrícolas, desmontando a crença comum que seria o maior consumidor.

Quando avaliado o total aplicado à área agrícola, ou seja, feita a proporção de uso ao resultado, o Brasil cai para a 11ª (décima primeira) posição, se distanciando ainda mais de outros líderes de produção. Nessa categoria, a liderança fica com o Japão, provando que esta é o país que mais consome agrotóxicos para manutenção da sua produtividade.

Esses dados foram apresentados no dia 30 de abril, em São Paulo, na palestra intitulada “Diálogo: Desafio 2050 e Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

Ainda de acordo com o professor Carbonari: A imagem que se cria do agrotóxico não tem conexão com a realidade, pois a agricultura brasileira só conseguiu ter o avanço que teve com tecnologia, inovação e o uso de diversos insumos, entre eles os defensivos”.

Para a produção em larga escala, o uso de defensivos agrícolas tem se mostrado inevitável, para garantia do resultado da safra, dessa forma proporcionando estabilidade para os processos e mercados atendidos pelos produtos do campo.

Terminologia

Defensivos, agrotóxicos, agroquímicos, produtos fitossanitários, pesticidas, praguicidas e até mesmo veneno. Muitos são os nomes utilizados para se referir aos produtos químicos frequentemente utilizados em lavouras para garantir a produção.

Apesar de muitos serem os termos utilizados, a ideia é sempre a mesma. Fazer uso de substâncias químicas para se alcançar o maior grau possível de segurança da produção. Esse fator é essencial para a segurança alimentar não apenas de cada nação, mas do mundo, uma vez que através da economia globalizada muitos países dependem da produção de outras nações para sua própria alimentação.

Todos os termos apresentados são, até certo ponto, sinônimos e sua utilização depende muito mais de quem está falando do que de seu significado de fato. Algumas vezes é utilizado um termo ou outro, com a intenção de se passar um sentimento com relação ao produto. Por exemplo, quando são usadas as palavras “tóxico” ou “químico”, muitas pessoas tendem a perceber um aspecto negativo, sendo levadas a acreditar que os defensivos são, por natureza, algo ruim.

Aplicação de defensivos em clima frio

Por outro lado, quando se utiliza os termos “defensivos” ou “fitossanitários”, quem ouve pode focar apenas nos aspectos positivos de proteção, se esquecendo da periculosidade de manuseá-los.

Para finalizar, o termo pesticida é o mais comumente usado fora do Brasil, em inglês “pesticide”. No entanto essa nomenclatura não é a mais usual em nosso país.

Com isso, é preciso apenas que nos atentemos às duas características dos defensivos agrícolas: eles protegem a produção do campo, porém podem ser perigosos se não forem tratados da forma correta.

Produção de alimentos com defensivos agrícolas

Para a cadeia de produtos que não são consumidos por pessoas, o uso de defensivos agrícolas pode não parecer uma preocupação tão urgente, uma vez que sua relação com a sociedade acontece de forma indireta.

No entanto os produtos alimentícios representam uma preocupação imediata, uma vez que o uso inadequado, especialmente se excessivo, de produtos químicos costuma resultar em resíduos presentes na alimentação e, com isso, risco iminente à saúde.

Aplicação com equipamento acoplado ao trator

Não é apenas a grande produção que faz uso desses recursos, apesar de ser uma crença comum. Pequenos produtores também recorrem ao uso de defensivos para controlar pragas e doenças em suas propriedades.

A operação de aplicação

A operação responsável por distribuir corretamente os defensivos no campo é comumente dita “aplicação”. Quando é usado o termo “pulverização”, este se refere à aplicação realizada onde seja feita a pulverização do produto.

Portanto, todas as pulverizações são aplicações, o inverso pode não ser verdade.

O objetivo principal da aplicação é a cobertura desejada da planta, com a concentração adequada de produto, utilizando a menor quantidade de recursos possível.

Muitos produtos precisam da cobertura total das folhas, por exemplo, outros precisam atuar no solo, como os herbicidas. Além dessa informação, o tamanho das gotas deve ser controlado na pulverização, pois dele depende a dispersão correta do produto na área.

Além dos cuidados com a forma de atingir o alvo do produto, a velocidade de aplicação, bem como alguns fatores ambientais devem ser levados em consideração.

Fatores ambientais

Para o resultado satisfatório de uma aplicação ou pulverização, é preciso que as condições ambientais sejam favoráveis durante toda a operação. É preciso estar atento à velocidade do vento, bem como sua direção.

Aplicação de defensivos por aviação

A velocidade do vento muito elevada pode causar deriva, no entanto se estiver muito baixa pode impedir a cobertura total das folhas. Alguns produtos precisam ser depositados também na parte de baixo das folhas, para isso é preciso uma incidência mínima de vento, para que haja uma agitação nas folhas.

Radiação solar e temperatura são dois fatores muito relevantes pois podem causar a ocorrência de fitotoxidez caso seus parâmetros estejam muito elevados enquanto o produto é aplicado.

Se quiser entender como o monitoramento ambiental pode auxiliar na aplicação de defensivos agrícolas, clique aqui.

Cuidados de manejo

Uma vez com as condições ambientais adequadas, dentro do estádio fenológico correto, pode-se fazer a aplicação. Nesse momento o agricultor precisa se atentar e eventualmente buscar algum suporte para determinar a concentração da calda, entre outras variáveis.

Dentre elas estão: a velocidade de aplicação, o melhor bico a seu utilizado, o melhor horário do dia para realizar a tarefa. Também pode dividir a sua propriedade para um planejamento ótimo da ordem dos talhões a receberem produto.

Em caso de aplicação manual, é vital que o operador utilize todos os equipamentos de segurança recomendados por norma. Esses equipamentos devem estar sempre em boas condições de uso.

Aplicação Manual de Pesticida

Conclusão

Por fim, temos que compreender o quanto a aplicação de defensivos no campo é necessária para o sucesso da produção, e assim garantir segurança alimentar e econômica da nação. Além disso, os grandes produtores de alimentos, como é o caso do Brasil, representam também a segurança alimentar de países que são consumidores de sua produção.

Segundo dados fornecidos pelo Governo Federal, China, Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha e Rússia representaram um pouco mais de 50% do consumo da produção do agronegócio brasileiro (dados são de 2017). Para continuar atendendo à demanda do mercado internacional, precisamos utilizar toda tecnologia possível, maximizando o potencial de produção do campo. Dentre essas tecnologias estão os defensivos agrícolas.

No entanto, é preciso que o produtor entenda a necessidade de buscar ajuda especializada para dosar corretamente a quantidade de defensivos utilizados na lavoura, buscando maior segurança.

Guia de Pulverização

A Agrosmart preparou um pequeno Guia de Pulverizações, com informações apresentadas de forma compacta, para auxiliar o entendimento dos principais cuidados que o agricultor deve ter ao realizar uma aplicação de defensivos.

O guia ainda trata de problemas comuns e como evitá-los. Clique no link abaixo para fazer o Download do material:

Guia de monitoramento ambiental para aplicações agrícolas