Os investidores do mercado financeiro, depois de uma manhã de nervosismo na abertura do pregão, estão se apegando ao tom do discurso moderado do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para diminuir a aversão ao risco como você viu aqui: A vitória de Trump e o agronegócio do Brasil. Nós separamos as opiniões de especialistas sobre os impactos em 5 setores do agronegócio, como café, arroz, soja, milho e carne bovina. Ouvimos também as repercussões sobre a vitória de Trump na política da China e para o câmbio no Brasil. Acompanhe:
Arroz:
“Os Estados Unidos vinham se aproximando de Cuba e Cuba é um dos principais importadores de arroz do Brasil. Era uma grande ameaça para o arroz brasileiro a reaproximação dos Estados Unidos de Cuba e agora com Donald Trump isso não irá acontecer. Nos próximos 4 anos a gente não deverá perder o mercado de Cuba, que é nosso principal importador”, Antonio da Luz – economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul
Dólar:
“Há rumor de que existe um posicionamento diferente da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e também do presidente eleito, Donald Trump o que faz com que alguns analistas reavaliem a permanência de Yellen no Fed – Se os juros sobem nos EUA agora? – “É muito provável que tenha uma alta nas taxas de juros. No mercado financeiro há projeção de dólar entre os mais otimistas para R$ 3,40 até R$ 3,60 e alguns arriscando palpite um pouco maior. Hoje eu trabalho com R$ 3,40 a R$3,60. Isso é bom para o agronegócio e para a nossa pauta exportadora”, Carlos Eduardo Dalto – professor de negociações do agronegócio Fundação Getúlio Vargas.
Café:
“Na nossa opinião o Brasil deve continuar com seu papel de maior fornecedor de café para o mercado americano. Não existe café sobrando no mundo. Isso que aconteceu nos Estados Unidos não deve afetar café, mas pode afetar dólar e via dólar afetar o mercado. Nós não imaginamos grandes alterações no mercado de café pelo menos nos próximos meses”, Eduardo Carvalhaes – analista de mercado Escritório Carvalhaes.
China:
“Na China já houve uma primeira reação positiva, o minério de ferro e aço travaram limite de alta na bolsa. Isso significa que há sinais de retorno do capital especulativo passar a entrar no setor produtivo e teremos vigor do preço das commodities agrícolas. No Brasil, o país como emergente que é vai ter a moeda desvalorizada e o produtor tem que prestar atenção no preço em dólar e não se emocionar com o preço em reais. Ele deve buscar o preço em dólares que vai ser muito bom para ele”, Liones Severo – Diretor do SimConsult
Soja e milho:
“Trump já se mostrou pró-mandato do etanol e com isso ele manteria a demanda pelo milho americano em alta”- Para soja? “Tinha uma tendência de queda do dólar e hoje teve oportunidade de fechar alguns negócios com a alta do dólar. Acho que o produtor tem que aproveitar”, Glauco Monte – diretor de commodities da FCStone.
Carne bovina:
“Eu tenho medo da carne bovina. A gente agora está começando a exportar carne bovina para os EUA e o nosso chanceler José Serra disse que seria um pesadelo o Donald Trump eleito. Dizer uma bobagem dessa pode ter uma repercussão nos nossos mercados”, Antonio da Luz – economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul
Repercussões:
“O que está sendo falado sobre as repercussões das eleições é bem distante da possível realidade, as pessoas e a mídia vão exagerar em muita coisa e deixam a emoção tomar conta da razão. É hora de cautela, frieza e objetividade para analisar os mercados”, Pedro Dejneka – Diretor da AGR Brasil.
Autor:
Kellen Severo é jornalista pós-graduada em Economia pela FIPE/USP. Âncora de telejornal e editora-chefe do jornalístico Mercado&Cia no Canal Rural;
Publicado originalmente no Blog da Kellen Severo