As 4 principais pragas da citricultura

A citricultura é uma das cadeias de maior importância econômica no agronegócio brasileiro e mundial.

Existem muitos tipos de citros, que nem todo mundo conhece, como: os limões, limas-ácidas, tangerinas, pomelos e toranjas. Porém, a laranja é produto cítrico que tem maior destaque. 

Além do Brasil ser responsável por 35% da produção mundial de laranja, também detém 72% da produção de suco de laranja e 75% das exportações do mesmo.

Dados econômicos e produtivos sobre a citricultura brasileira
Fonte: Fundecitrus

A cada 5 copos de suco de laranja consumidos no mundo, 3 são de suco de origem brasileira

Além de ser destaque no agronegócio, a citricultura também é responsável por gerar milhares de empregos direta e indiretamente.

No entanto, a produção de citros é constantemente afetada por mudanças climáticas e diversos problemas fitossanitários, como pragas, que muitas vezes transmitem doenças causadas por fungos, bactérias e vírus. 

Para evitar uma possível queda na produtividade é necessário saber identificar a presença dessas pragas da citricultura e realizar o manejo correto em cada situação.

Por isso, vamos mostrar aqui algumas das principais pragas da citricultura, como identificá-las e as formas mais eficientes de controlá-las. 

Identificando as pragas da citricultura 

1. Ácaro

Dentre as principais pragas da citricultura estão os ácaros. Eles são minúsculos aracnídeos não visíveis a olho nu, que causam evidentes prejuízos aos pomares.

Os ácaros são pragas cosmopolitas, ou seja, se alimentam de diversas plantas e em alguns casos são responsáveis por transmitir doenças

Nos citros, os ácaros que causam mais danos são:

1.1 Ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora): 

Principais características:
  • Uma das principais pragas da citricultura mundial
  • Ataca toda as variedades comerciais de citros
  • Disseminação é realizada principalmente pela ação dos ventos
  • Maior incidência com o aumento da umidade do ar, que coincide com o florescimento das plantas
  • Encontrado em folhas novas e frutos em formação
Sintomas:
  • Folhas com manchas escuras com formato irregular na superfície
  • Frutos com coloração escura prateada que segue para uma coloração de ferrugem
pragas da citricultura
Imagem: Fruto exibindo danos causados pelo ácaro da falsa ferrugem (Fonte: Don Ferrin, Louisiana State University Agricultural Center, Bugwood.org)
Controle:
  • Utilização de quebra-vento de espécies não hospedeiras de ácaros
  • Cobertura verde com mentrasto, planta-daninha que desfavorece o crescimento populacional do ácaro
  • Aplicação de acaricida quando o inseto for encontrado em mais de 20% do pomar para pomares de comercialização da fruta in natura, ou 30% de infestação para pomares de produção industrial.

1.2 Ácaro da leprose dos citros (Brevipalpus phoenicis): 

  • Maior ocorrência em período de seca e crescimento dos frutos
  • Vetor do vírus responsável pela Leprose dos Citros, considerada a maior doença virótica da citricultura
  • O ácaro adquire o vírus ao se alimentar de plantas previamente infectadas e passa a transmiti-lo 
  • A doença pode causar redução de 30 a 100% da produtividade 
  • Laranjeiras doces são altamente suscetíveis a esta doença, enquanto o tangor ‘Murcote’ apresenta resistência.
Sintomas: 
  • Quando livre de vírus, os sintomas causados pelo ácaro ao se alimentar das plantas são dificilmente identificáveis. 
  • Os sintomas causados pelo vírus aparecem após 17 dias da infecção
  • As folhas apresentam lesões cloróticas arredondadas e lisas. Pode provocar a queda; 
  • Os frutos apresentam mancha clorótica deprimida com pontos necróticos. 
  • Observa-se também a queda de frutos após aproximadamente 3 semanas da transmissão do vírus pelo ácaro

Sintomas de leprose nas folhas, ramo e frutos de laranja (Foto: Dr. Francisco Humberto Henrique)

Controle:

Monitoramento da população do ácaro da Leprose no pomar com o uso de:

  • Quebra-vento ou cerca-viva com espécies não hospedeiras do ácaro
  • Introdução de predadores naturais do ácaro da leprose como Euseius concordis e Stethorus sp.
  • Desinfestação de equipamentos, veículos e caixas de colheita
  • Adquirir mudas sadias de viveiros certificados
  • Acaricidas devem ser pulverizados quando mais de 10% dos frutos estiverem infestados com o ácaro.
Monitoramento do microclima do pomar com BoosterPRO

2. Mosca-das-frutas

Continuando a lista das mais relevantes pragas da citricultura, temos a mosca-das-frutas.

Isso porque, os prejuízos na produtividade dos pomares em que ocorre o ataque da mosca-das-frutas pode chegar entre 30 a 50%.

Embora existam diversas espécies desta praga, três são responsáveis pelos danos aos citros: a mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata), a mosca sul-americana (Anastrepha fraterculus) e a mosca-da-mandioca (Neosilba spp.).

As fêmeas da mosca perfuram a casca do fruto e colocam seus ovos. As larvas que se desenvolvem dentro dos frutos se alimentam da polpa, inviabilizando o consumo.

pragas da citricultura
Moscas-das-frutas ovopositando em um fruto de laranja (Fonte: EPPO Global Base)

Sintomas:

  • Coloração marrom ao redor do orifício causado pelas moscas nos frutos 
  • Nos orifícios formados na superfície do fruto pelas moscas ocorre o apodrecimento, devido a presença de bactérias, que resulta na queda do fruto.  

Recentemente, segundo o Centro de Avanços em Economia Aplicada (CEPEA-USP), produtores relataram problemas com moscas das frutas em seus pomares o que pode implicar na redução de frutos de boa qualidade resultando no aumento do preço da laranja.

Controle:

  • Coletar frutos caídos e enterrar a aproximadamente 30 cm de profundidade
  • Monitorar as moscas por meio da utilização de armadilhas presas em ramos 
  • Utilizar iscas toxicas nas armadilhas de monitoramento ou, quando a população de moscas for alta, realizar o controle químico com inseticidas de cobertura total.

3. Cigarrinha

As cigarrinhas são insetos cosmopolitas sugadores que se alimentam da seiva das plantas. Mas o grande problema, nos citros, não é elas sugarem altos volumes de seiva.

A razão para esse inseto ser considerado uma das maiores pragas da citricultura é porque algumas espécies da subfamília Cicadellinae que são capazes de transmitir a bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença Clorose Variegada dos Citros (CVC).  

A transmissão ocorre quando, ao se alimentarem de plantas previamente colonizadas pela bactéria, elas a adquirem e passam a transmiti-la ao se alimentarem de outras plantas.

Esta doença afeta todas as variedades comerciais de laranja doce.

Imagem: exemplos de espécies de cigarrinha capazes de transmitir Xylella fastidiosa (Fonte: Fundecitrus)

Sintomas da CVC:

  • Manchas pequenas e amareladas na superfície de cima das folhas
  • Frutos endurecidos, pequenos, com amadurecimento precoce, sendo impróprios para a comercialização. 

Imagem: sintomas severos de Clorose Variegada dos Citros (CVC) (Fonte: EPPO Global Base)

Controle:

Ainda não se conhece uma maneira de controlar a bactéria, desta forma o manejo da CVC é realizado através dos seguintes passos:

  • Adquirir mudas sadias, livres da bactéria, de viveiros certificados. 
  • Em caso de sintomas iniciais de CVC, os ramos sintomáticos devem ser podados. 
  • Quando os sintomas estiverem avançados, deve-se realizar a erradicação da planta.
  • Controle da população de cigarrinhas: Em pomares com plantas de até três anos o uso de inseticida deve ser usado de forma preventiva em período de chuvas. Em plantas de mais de 4 anos o controle químico deve ser realizado quando uma em cada 10% das plantas vistoriadas apresentarem cigarrinhas.   

4. Psilídeo Diaphorina citri:

Os psilídeos são insetos que se alimentam da seiva de plantas como murtas e todas as variedades de citros.

Assim como as cigarrinhas, os danos econômicos diretos causados pela alimentação deste inseto são mínimos, no entanto o psilídeo Diaphorina citri é o vetor da bactéria Candidatus Liberibacter spp, causadora do greening (huanglongbing/HLB).

O greening é, atualmente, a doença de maior impacto econômico da citricultura mundial. 

Insetos adultos que se alimentam de plantas doentes adquirem a bactéria e passam a transmiti-la para outras plantas sadias.

Insetos que se desenvolvem em plantas doentes aumentam a sua capacidade de transmissão da doença.

O número de plantas doentes, em um levantamento realizado pelo Fundecitrus em 2019 nos estados de SP e MG, foi de aproximadamente 37 milhões de árvores, quase 5% maior que o número apresentado no ano anterior. E é por isso que esse psilídeo está entre as principais pragas da citricultura brasileira.

pragas da citricultura
Imagem: Diaphorina citri, psilídeo transmissor do greening (Fonte: EPPO Global Database)

Sintomas da doença:

  • Sintomas mais evidentes ao final do verão e início da primavera
  • -Ramos com folhas amareladas quando jovens
  • Folhas maduras apresentam manchas irregulares verdes e amarelas na superfície e sem simetria entre as duas metades. 
  • Queda das folhas afetadas dando origem a brotações de folhas curvadas verticalmente 
  • Frutos com amadurecimento precoce, pequenos, amarelados e assimétricos.  
  • árvores novas afetadas não produzem frutos 
  • árvores adultas em produção sofrem queda prematura dos frutos e morrem com o tempo
pragas da citricultura
pragas da citricultura
Imagem: Sintomas de greening em folhas e frutos de laranja (Fonte: EPPO Global Database

Controle do inseto:

  • Antes do plantio deve-se aplicar inseticida sistêmico de 1 a 5 dias antes da muda ser entregue
  • Pulverização de inseticidas sistêmico e de contato em aplicações que variam com a idade das plantas do pomar.
  • Manejo intensificado nos primeiros 100 a 200 metros da divisa do pomar, uma vez que a incidência de insetos provindos de outros pomares é muito maior na faixa de borda.
  • Monitoramento do psilídeo através de armadilha adesivas
  • Controle biológico: o parasitoide Tamarixia radiata é uma pequena vespa que utiliza as ninfas do psilídeo para se reproduzir. Elas depositam seus ovos embaixo das ninfas do inseto, e quando crescem, as larvas de Tamarixia radiata se alimentam destas ninfas.
[elementor-template id=”12428″]

O controle da doença é realizado por meio de técnicas de manejo integrado de pragas (MIP), uma vez que ainda não se conhece uma forma de combater a bactéria. 

Recomendações de evitar o plantio em locais com alta incidência de greening, plantio de mudas sadias vindas de viveiros certificados, constante inspeção dos sintomas e erradicação de plantas sintomáticas, devem ser seguidas para evitar grandes prejuízos causados pela doença.

Conclusão

Estas foram apenas algumas das principais pragas da citricultura.

Conhecer as ameaças e realizar um manejo eficiente é essencial para reduzir custos e e vitar a perda de produtividade das lavouras. 

Inteligência no manejo

Através das soluções de inteligência climática da BoosterPRO, é possível:

  • realizar o monitoramento do microclima dos pomares, a fim de ter uma melhor compreensão sobre os momentos mais favoráveis ao aumento na população das pragas;
  • criar alertas para ficar atento aos momentos mais críticos;
  • ganhar eficiência na aplicação de defensivos, e otimizar o planejamento de determinadas práticas culturais;
  • e muito mais

Assim, você pode construir uma estratégia sólida para ter um melhor manejo das principais pragas da citricultura para que seu pomar atinja sua produtividade potencial.

Inteligência climática BoosterPRO
Manejo de Irrigação BoosterPRO
Mostrar mais

Artigos relacionados

Um Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo
plugins premium WordPress