O encerramento da safra de soja 2019/2020 está cada vez mais próximo. E com o final desse ciclo, é preciso adotar boas estratégias para instalar a próxima cultura com o pé direito.
Agricultores que colheram soja têm várias opções de rotação de cultura, incluindo safrinha de milho e culturas de cobertura. Mas para obter sucesso na próxima safra, uma ação importante pode fazer a diferença: o manejo pós-colheita de verão.
Desafios da entressafra
Ao término de uma safra importante como a que vivemos nesse último período, cheia de adversidades climáticas, é desafiador pensar em mais operações mecânicas no campo. Para muitos, isso representa mais esforço de trabalho, mais investimento com aplicações e produtos.
Mas quando falamos da entressafra, é preciso enxergar além.
Sem cultura instalada é mais fácil entrar em campo para realizar o manejo de plantas daninhas, principalmente as de difícil controle. Além disso, o próprio trabalho de colheita já é um fator que ajuda a disseminar plantas daninhas residentes, porque a máquina acaba espalhando suas sementes de alta mobilidade pela área.
Se no planejamento da próxima safra houver uma janela para o controle de plantas daninhas antes do início do plantio, aproveitar essa oportunidade vai impactar em sustentabilidade e rentabilidade.
Quer saber por quê? Acompanhe:
Objetivos do manejo pós-colheita de verão
O manejo pós-colheita de verão tem como objetivo final, preparar a área para que a próxima cultura seja instalada no limpo, considerando pragas, plantas daninhas e doenças.
Na prática, isso significa:
Controle de banco de sementes
Mesmo plantas daninhas que foram manejadas na dessecação pré-colheita da soja podem ter liberado sementes no solo ainda em vida. Esse banco de sementes pode originar centenas de plantas invasoras que vão competir com a próxima cultura por luz, água e nutrientes.
Controle de tigueras
Pequenas falhas na colheita podem deixar para trás algumas plantas de soja ou até mesmo sementes da cultura. Em casos de soja RR tiguera (resistente ao glifosato), esse problema pode aumentar no início da próxima safra, pois será exigido rotação de princípios ativos que muitas vezes não são compatíveis com outras culturas.
Eliminação de ponte verde
Pragas não sobrevivem sem fonte de alimento. Por isso, eliminar plantas daninhas significa retirar a ponte por onde pragas e doenças passam de uma safra para outra.
Manejo de plantas daninhas resistentes
Plantas daninhas são responsáveis por uma boa parte dos desafios de lavouras de todas as culturas. Ao longo dos anos, o uso repetitivo de um único grupo de herbicidas trouxe como consequência a seleção de espécies resistentes a esses produtos. Agora, para que o manejo dessas plantas seja realizado com eficiência, são necessárias rotações de princípios ativos. Em uma área sem nenhuma cultura instalada, essa prática é muito mais produtiva.
Controle de pragas iniciais
Mesmo na palhada da soja dessecada é possível que ainda existam pragas. Para produtores que vão iniciar a safrinha de milho, esses insetos podem gerar grande impacto na fase inicial, principalmente. Percevejos e diabrotica podem afetar a emergência da lavoura, causando falhas no estande, ou problemas futuros, como pescoço de ganso e perfilhamento. O uso de inseticidas no manejo pós-colheita reduz essa possibilidade.
Como realizar o manejo pós-colheita de verão?
O manejo deve ser iniciado logo após a colheita, utilizando um recurso imprescindível para a tomada de decisão: o monitoramento.
Você sabia?
Entre os benefícios manejo pós-colheita, estão a descompactação do solo, a redução da infestação e germinação de plantas daninhas, a interrupção do ciclo de pragas, e o aumento na disponibilidade de nutrientes para cultura sucessora.
Informações que devem ser observadas:
- Quais são as plantas daninhas presentes no campo.
- Qual é o estágio em que elas se encontram.
- Quais delas são resistentes a herbicidas ou consideradas de difícil controle.
Conheça as principais plantas daninhas de difícil controle:
Buva (Conyza spp.)
O gênero Conyza contempla um grande número de espécies. Três delas estão registradas como espécies de importância para a agricultura brasileira: Conyza bonariensis, Conyza canandensis e Conyza sumatrensis.
- São plantas anuais e eretas.
- Produzem grande quantidade de sementes, 200 mil ou mais por planta, que é facilmente dispersada pelo vento.
- Sementes germinam no outono e inverno, encerrando seu ciclo no verão.
- Vetor do Cucumber mosaic vírus.
- Hospedeira do Lettuce mosaic virus – LMV, transmitido por afídeos.
- Hospedeira de ácaros do gênero Brevipalpus.
- São fotoblásticas positivas, ou seja, necessitam de luz para germinar. Por isso, sua presença é mais restrita nas áreas ocupadas por culturas com boa formação de palhada, como: trigo, aveia e braquiária ruziziensis.
Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
Planta anual herbácea, ereta, com altura variando de 0,2 a 2m de altura, caule cilíndrico simples ou ramificado, podendo ser liso ou coberto por pelos brancos finos e curtos, coloração verde ou vermelho-violácea. A raiz principal é pivotante, a partir da qual se formam raízes secundárias filamentosas.
- O formato das folhas é muito variável, conforme indicado pelo significado da palavra heterophylla, ou seja, hetero (diferentes) e phylla (folhas).
- Trata-se de uma das piores infestantes das culturas de soja, de trigo e de milho. Produz várias gerações em um único ano e germina escalonadamente por longo período, desde o início do desenvolvimento da cultura.
Corda-de-viola (Ipomoea spp.)
Planta anual, vegeta bem em solos trabalhados, tanto bem iluminados quanto com pouca iluminação.
- Espécie trepadeira, com longos ramos inconstantes, sem posição definida. Caule roliço, muito ramificado, com ramos compridos e sem direção definida, que se enrola nas plantas mais próximas. As folhas têm a superfície com poucos pelos.
- Prejudica a colheita por se enrolarem nas plantas sob cultivo.
- Mantém o ambiente com alta umidade nas lavouras.
Caruru (Amaranthus spp)
Plantas anuais, herbáceas, que se reproduzem por semente.
- Suas populações têm grande diversidade genética, o que confere plasticidade fenotípica, tanto no indivíduo, principalmente com relação às épocas de florescimento e frutificação, como na população.
- Hospedeira alternativa do Begomovirus do tomate, associada à presença da mosca-branca Bemisia tabaci e de pulgões da espécie Aphis gossypii.
- Hospedeira do fungo Verticillium dahliae, abriga tripes das espécies Selenothrips rubrocinctus e Frankliniella schultzei.
Você sabia?
Plantas daninhas representam perdas de 20% a 80% em lavouras onde não são manejadas adequadamente.
Capim-amargoso (Digitaria insularis)
- Planta perene, herbácea, entouceirada, ereta, rizomatosa, de colmos estriados.
- Possui grande capacidade reprodutiva, podendo produzir 100 mil sementes.
- Apresenta grande desenvolvimento em solos com alta ou baixa fertilidade.
- Reproduz-se durante o ano inteiro, e a floração e frutificação ocorrem no verão.
- Apresenta grande tolerância à dessecação devido a rebrota após o impacto do controle químico, ceifa ou queima.
- Sistema radicular é composto de curtos rizomas ramificados e fibrosos.
- Folhas possuem bainhas alongadas e são lisas ou com pelos esparsos.
- Inflorescência em panículas, densamente coberta por pelos sedosos de coloração prateada. As unidades de dispersão são as sementes pilosas, as quais são facilmente carregadas pelo vento.
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
- Planta ereta e entouceirada.
- Pouco exigente em relação ao solo, desenvolvendo-se também em uma ampla faixa de pH.
- Competitiva em solos pobres e leva vantagem sobre muitas outras espécies.
- Possui colmos achatados, principalmente na parte inferior, coloração verde-clara com tonalidades castanho-escuras na região dos nós. Há predominância de folhas basais e menor quantidade ao longo dos colmos.
Picão Preto (Bidens spp.)
O gênero Bidens, apresenta duas espécies comumente encontradas no Brasil, Bidens pilosa e Bidens subalternans.
- Planta anual, herbácea, ereta, aromática, pouco ramificada, com 40-120 cm de altura.
- Infestantes de lavouras anuais e perenes. Desenvolvimento rápido e alta produção de sementes em condições tropicais.
- Produz de 3.000 a 6.000 sementes por planta.
- Hospedeira de nematoides dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus.
- Apresenta grande diversidade genética, promovendo plasticidade fenotípica, principalmente com relação às épocas de florescimento e frutificação.
Trapoeraba (Commelina sp.)
Planta perene, que se reproduz por semente aérea e subterrânea.
- Planta herbácea, tenra e suculenta, cobre intensamente a superfície do solo. O caule é liso, cilíndrico e carnoso ou levemente piloso, dividido por nós, de onde saem ramificações, que se distribuem pelo solo.
- Reprodução: sementes aéreas, rizoma subterrâneo, enraizamento nos nós dos caules.
- Desenvolve-se bem em solos leves, férteis e úmidos.
- Vegeta de modo vigoroso em ambientes de boa luminosidade, sendo de lento desenvolvimento em locais sombreados.
Herbicidas e inseticidas
Ao identificar as espécies de plantas daninhas e pragas na lavoura, consulte um engenheiro agrônomo para recomendação de produto e dose para a aplicação correta. Lembrando que:
Um produto bom, aplicado no momento errado, pode não gerar resultado. Um produto ruim, aplicado no momento ideal, pode alcançar seu objetivo.
Momento do plantio
Após o manejo pós-colheita de verão na entressafra, a área estará pronta para o plantio direto. A instalação da próxima cultura será viabilizada com mais facilidade.
“Não planejei minha próxima safra, o que eu faço?”
A melhor recomendação é não deixar a área em pousio. Para isso, produtores que não querem investir em grandes culturas para a rotação, podem inserir as chamadas Culturas de Cobertura.
Esse tipo de cultivo consiste na adoção de plantas rudimentares que competem com plantas daninhas, e mesmo ao longo do inverno, não permitem que essas plantas invasoras se desenvolvam. Além disso, as coberturas fornecem grande volume de palhada para o plantio direto da cultura de verão seguinte.
Algumas opções de cultura de cobertura são:
- Nabo forrageiro (Raphanus sativus L.)
possui raiz pivotante com capacidade de penetrar solos ligeiramente compactados.
- Crotalária
A crotalária é uma leguminosa que tem a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico e também de diminuir a taxa de reprodução de nematoides do solo, principalmente dos gêneros Pratylenchus e Pseudhalenchus.
- Braquiária
A Brachiaria ruziziensis possui diversas vantagens para o sistema de plantio direto e tem alta capacidade de recuperação após período de seca com a entrada de chuvas. Por esse motivo, seu uso foi expandido em regiões de plantio direto no Nordeste e Centro-Oeste do país.
Conheça mais benefícios que a braquiária pode oferecer como cobertura:
- Elevada formação de palhada.
- Tempo de decomposição adequado.
- Estruturação do solo.
- Alta produção de raízes.
- Descompactação do solo.
- Alta reciclagem nutricional para o sistema.
- Redução de danos por nematoides.
- Elevado controle de plantas invasoras.
- Fácil dessecação com herbicidas não seletivos.
Otimizando operações com a Agrosmart
Tanto para o monitoramento, quanto para o manejo de plantas daninhas e o plantio da cobertura, são necessárias uma série de operações com maquinários no campo. O clima, a velocidade do vento, a umidade do ar, entre outros fatores implícitos no ambiente, fazem toda a diferença no resultado final dessas ações.
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