Aplicação de defensivos: os benefícios do monitoramento ambiental
A aplicação de defensivos ou produtos fitossanitários (fungicidas, inseticidas, herbicidas) é uma das atividades mais importantes a serem realizadas para garantia da safra e a realização dessa operação da forma correta é essencial para que a aplicação alcance o seu objetivo.
Deve-se ter em mente que os detalhes são importantes para o desenvolvimento otimizado das plantas e os produtores devem ficar atentos para que injúrias ocasionadas por pragas e doenças não reduzam a produtividade esperada. Com o auxílio de produtos fitossanitários, o agricultor é capaz de ter maior controle sobre as variáveis que podem interferir na produtividade da lavoura.
As decisões tomadas nessa operação impactam diretamente no sucesso ou fracasso da safra, e quando praticadas sem o devido cuidado, podem causar sérios prejuízos ao produtor. Esses prejuízos são decorrentes das injúrias que geram danos causados pela falha no controle de pragas e doenças, ocasionando um custo excessivo.
ECONOMIA
Ao se realizar uma aplicação em condições ambientais ideias, é possível evitar uma dupla perda, de produtividade do campo bem como de produto aplicado, além de evitar, como efeito colateral, a contaminação de áreas vizinhas, pessoas e meio-ambiente.
Primeiramente é preciso estar atento às orientações de uso do produto adquirido, observando as recomendações dos técnicos e suas bulas, que levam informações sobre a tecnologia de aplicação.
Contudo, para uma aplicação mais eficiente, é preciso estar atento à todas as etapas do processo, desde possuir um bom pulverizador, a aquisição do produto certo para a finalidade desejada, o treinamento dos operadores, a qualidade da água, o volume de calda, tamanho das gotas e bicos de pulverização, velocidade do trator ou do aplicador (se estiver usando o modelo costal).
É necessário também atentar-se às condições do tempo que são favoráveis à aplicação, dentre todas essas variáveis, apenas as ambientais estão fora do controle do produtor e por isso devem ser monitoradas.
A INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NAS APLICAÇÕES
O sucesso no controle das pragas e doenças depende da escolha do produto adequado e da sua correta aplicação de acordo com o tamanho das gotas em diferentes ambientes. Essas gotas variam em tamanhos, podendo ser muito finas, finas, médias e grandes. A forma de aplicação utilizada e o seu sucesso estão associados às condições ambientais no momento da operação.
As condições ambientais no momento da aplicação devem ser favoráveis à deposição, distribuição, absorção e translocação dos produtos. Temperatura, umidade relativa do ar, chuva, radiação solar, direção e velocidade do vento são fatores que interferem na eficiência da aplicação de fungicidas, herbicidas e inseticidas.
CLASSES DE PROBLEMAS
Os tópicos a seguir listam os problemas relacionados aos fatores ambientais que o produtor deve estar atento nos diferentes produtos de aplicação:
- Aplicação química: evitar a deriva e evaporação, fitotoxidez, perda de produto e de produção devido ao mal controle das pragas e doenças. Contaminação ambiental.
- Manejo biológico: evitar a redução da eficiência da aplicação por inativação dos microrganismos, devido a condições ambientais desfavoráveis.
- Herbicidas: extremamente importante fazer o monitoramento da chuva para evitar problemas com transporte via solo (lixiviação) .
Entendendo as condições do tempo para realizar uma boa aplicação, o produtor evita a deriva/evaporação, fitotoxicidade e garante maior eficiência do produto.
PROBLEMAS QUE PODEM SER CAUSADOS POR APLICAÇÕES EM CONDIÇÕES INADEQUADAS:
DERIVA
Deriva é quando o produto aplicado não atinge o alvo na lavoura, sendo levado pelo vento. Geralmente, essa situação pode ocorrer quando a interação entre tamanho de gota e ambiente não é favorável, pois variáveis como temperatura do ar, umidade relativa, chuva, velocidade e direção do vento atuam diretamente na deposição do produto.
Quando a deriva ocorre, o produto aplicado acaba sendo depositado erroneamente em áreas e lavouras vizinhas ou nas redondezas, e pode até mesmo contaminar o solo, dependendo da situação.
FITOTOXICIDADE
A fitotoxicidade é a mudança do estado fisiológico e morfológico de partes da planta, ou da planta como um todo, por ação de algum agente estressor, como pode ocorrer pela ação problemática de fungicidas, inseticidas e herbicidas.
Alguns sintomas desse fenômeno se assemelham a amarelamentos, encarquilhamentos, sintomas de ‘queima foliar’, mudanças no padrão de crescimento da cultivar como nanismo e outras manchas foliares.
Dentre os fatores ambientais que podem interferir no aparecimento da fitotoxicidade na lavoura, o produtor deve atentar-se às condições que causam deriva gerando deposição em folhas e caules, por exemplo. Importante lembrar que esse problema muitas vezes é decorrente de má aplicação por dosagem errada, mistura incompatível de produtos, aplicação em estádios sensíveis da planta e a sensibilidade da mesma ao produto.
CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
Os problemas na aplicação também podem gerar lixiviação dos produtos. Quando isso ocorre, os defensivos são levados podendo atingir o lençol freático e gerar uma série de problemas ambientais, como mortalidade da macrofauna e microfauna do solo, consequência da contaminação de rios e lagos próximos.
PERDA DE PRODUTOS E PRODUÇÃO
A baixa eficiência da aplicação gera redução do controle de pragas e doenças e consequentemente não garante a produtividade esperada. Aumenta também o custo de produção com aplicações subsequentes e reduz os lucros do produtor, dado que os insumos fitossanitários representam um dos maiores custos de manutenção da lavoura.
Autor:
Renan Macedo
Doutor em Fitossanidade (Epidemiologia), pela Universidade Federal de Goiás, e mestre em Agronomia (Entomologia Agrícola), pela Universidade Federal de Lavras, possui experiência na área de entomologia agrícola, epidemiologia de plantas cultivadas, ecologia, e métodos de modelagem.