Irrigação como medida de adaptação as mudanças climáticas
As mudanças climáticas previstas para o fim do século devem afetar diversos setores da sociedade, incluindo o setor agrícola.
Não é preciso pensar em projeções tão distantes, os efeitos causados pelas mudanças já são diretamente percebidos por agricultores em todo o planeta.
E o setor agropecuário será um dos mais afetados, já que a agricultura é altamente dependente das condições climáticas, como apresentamos no artigo “Entenda a disponibilidade hídrica e a evapotranspiração no Brasil.“
Por isso, é importante criar alternativas para diminuir a dependência da agricultura em relação ao clima. E a irrigação, feita de forma sustentável, é uma das melhores alternativas para atingir este objetivo.
Neste post, apresentamos o conceito e as projeções relacionadas às mudanças climáticas no Brasil.
Em seguida, mostramos como a irrigação é considerada um fator essencial para minimizar a vulnerabilidade das fazendas nesse contexto.
Mas, o que são as mudanças climáticas?
O clima possui variabilidades naturais, que podem provocar mudanças tanto em uma região como no planeta inteiro.
Um exemplo disso são os fenômenos El Niño e La Niña. Porém isso não deve ser confundido com mudanças climáticas.
De acordo com o IPCC (2013), mudanças climáticas são as variações significativas no estado médio do clima ou em sua variabilidade, persistindo por um período extenso de tempo.
Essas mudanças climáticas podem acontecer devido: a processos naturais (internos ou externos); por processos antropogênicos, ou sejam, mudanças causadas pelo ser humano; ou até mesmo pelo efeito somado de ambos os processos.
Dentre os processos naturais estão a deriva dos continentes, as erupções vulcânicas etc; e entre os processos antropogênicos estão alterações na composição da atmosfera e no uso da terra.
Projeções de mudanças climáticas no Brasil
As figuras a seguir foram adaptadas do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (2016) e mostram as projeções de mudanças de temperatura e de precipitação para o verão e o inverno austral nos períodos de:
- 2011 a 2040
- 2041 a 2070
- 2071 a 2100
Eles foram simuladas pelo modelo regional ETA aninhado aos modelos de projeção climática HadGEM2-ES e MIROC5.
Os campos MÍN e MÁX indicam o intervalo possível das mudanças derivadas das simulações regionalizadas.
Para temperatura do ar, a projeção é de aquecimento para todo o país, em todos os cenários, com máximos de aquecimento na região Centro-Oeste e que se estendem para as regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país até o final do século XXI.
Estes máximos de aumento médio no final do século podem chegar até a 8°C em algumas áreas, ou seja, uma região hoje que apresenta uma temperatura média no verão de 30°C, no final do século dependendo da projeção para essa região, pode passar a ter uma temperatura média no verão de até 38°C.
Já para a precipitação é possível notar que os centros de máxima redução das chuvas durante o verão se posicionam sobre o Centro-Oeste e Sudeste – que são regiões de grande importância para a agricultura nacional. Esses centros podem se expandir para as regiões da Amazônia.
Na parte nordeste da região Nordeste do país, as projeções sugerem possibilidade de redução à aumento das chuvas durante o verão.
E para o Sul do Brasil são projetadas tendências de aumento das chuvas nos vários cenários, sendo que essa área de aumento pode alcançar a parte sul do Sudeste do país, principalmente no verão.
Irrigação e vulnerabilidade da fazenda
É fundamental que a sociedade, de forma geral, incluindo as fazendas e cooperativas incorporem à gestão de riscos decorrentes das mudanças climáticas em seus processos de planejamento.
Parte disto está associado à identificação da vulnerabilidade atual frente aos impactos de eventos climáticos.
A vulnerabilidade de qualquer lugar ou de qualquer fazenda se dá em função de três fatores:
- Exposição
- Sensibilidade
- Capacidade de adaptação
A exposição é dada pelas projeções de mudanças climáticas. Dessa forma, as regiões com as maiores mudanças são as regiões mais expostas.
A sensibilidade é dada pelo impacto de um perigo climático em um indivíduo. Ou seja, se as culturas plantadas em sua fazenda são resistentes ao aumento de temperatura ou se são resistentes ao déficit hídrico. Resumindo a sensibilidade indica se a cultura é resistente ou não às mudanças climáticas.
Por fim, a capacidade de adaptação é dada pelas práticas assumidas para diminuir a dependência climática, como a implantação de sistemas de irrigação, uso de estufas, entre outros.
Irrigação e as mudanças climáticas
Mas não é qualquer tipo de irrigação que diminui a dependência da agricultura com o clima, pois para irrigar é necessário água e consequentemente chuva.
Apenas com uma irrigação sustentável e inteligente, em que se utiliza somente o necessário de água, é que é possível se tornar realmente menos dependente do clima e menos dependente das mudanças climáticas.
Ou seja, não basta irrigar, é preciso ter também um manejo de irrigação que otimize o uso da água.
A Agrosmart busca fornecer informações para sua fazenda ter uma irrigação mais sustentável e inteligente.
Conclusão
As mudanças climáticas já são uma realidade e um desafio para a agricultura.
Não apenas no Brasil, mas em todo mundo, produtores devem sentir cada vez mais os impactos provocados pelas alterações nas temperaturas, regime de chuvas e ocorrência de eventos extremos.
Uma das formas de tornar a produção agrícola menos vulnerável a este cenário é por meio de uma irrigação inteligente, que otimize o uso de recursos sem deixar de fornecer à planta exatamente o quanto ela precisa.
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Por: Diego Santos e Amanda Balbino
Referências
IPCC. Intergovernamental Panel on Climate Change – Summary for Policymaker. In: Climate Change. The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [STOCKER, T. F.; QIN, D.; PLATTNER, G.-K.; TIGNOR, M.; ALLEN, S. K.; BOSCHUNG, J.; NAUELS, A.; XIA, Y.; BEX, V.; MIDGLEY, P.M. (eds)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, 2013.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima – Volume 1: Estratégia Geral. Brasília, DF, 2016. 59p.
