Farming as a Service (FaaS) será o futuro do agronegócio?
O FaaS no agronegócio surge como uma estratégia de gestão e manejo da propriedade rural com base em dados obtidos por meio de serviços digitais e que tem o potencial de beneficiar toda a cadeia agroalimentar envolvida.
Os serviços digitais estão cada vez mais presentes em nossas vidas, na cidade ou no campo, seja para uso pessoal ou profissional.
Eles são muito úteis porque proporcionam redução de custos, de tempo e, geralmente, são muito eficientes no que oferecem aos consumidores.
De forma geral, esses serviços digitais são conhecidos como SaaS (Software as a Service), que ganharam uma versão para o agronegócio chamada FaaS (Farming as a Service), junto a Agricultura 4.0.
O FaaS no agronegócio é muito útil para tornar a gestão rural mais eficiente, a partir de ferramentas digitais utilizadas por meio de assinatura ou contrato.
Continue a leitura e entenda melhor como funciona.
O que é o Farming as a Service (FaaS)?
Originário do termo SaaS, o FaaS (Farming as a Service) refere-se à utilização de serviços agrícolas por meio de uma assinatura (semestral/anual), contrato ou do pagamento eventual por uso dos mesmos.
Com o FaaS é possível, por exemplo, obter dados sobre a lavoura através de imagens em NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) de satélite ou de drones.
Ou ainda, ter informações meteorológicas mais exatas, bem como dados a respeito da pluviosidade, temperatura, umidade do solo e do ar, etc.
É interessante destacar que muitos dos serviços podem ser contratados por um período longo ou então por um momento específico para que se obtenha determinada informação.
Com isso, é possível ter acesso, em pouco tempo, a dados confiáveis sobre a lavoura e que vão dar suporte a uma melhor tomada de decisões e proporcionar uma gestão mais eficiente.
Uma das grandes vantagens de utilizar o FaaS é que ele não necessita que seja instalado um software em seu computador/notebook.
Assim, um usuário pode acessar o sistema por meio de login e senha, e então utilizar todos os recursos do software de forma virtual, sem necessidade de atualizações, que são feitas de forma automática.
No máximo, em algumas situações, o usuário ainda pode baixar um aplicativo para utilização do serviço por meio de seu smartphone. O que também facilita e muito a gestão de informações.
Por oferecer essas facilidades e benefícios reais aos produtores rurais, o FaaS está sendo visto como um dos principais serviços do agronegócio no mundo.
Para se ter uma ideia, na Índia o financiamento de investidores para o FaaS varia entre US$ 105 milhões a US$ 115 milhões.
Além disso, estima-se mercado global de Farming as a Service cresça que cerca de 15,3% (CAGR, taxa de crescimento anual composta) entre 2021 e 2026, de acordo com um relatório da Research And Markets.
As 3 categorias que integram o Farming as a Service (FaaS)
O FaaS possui três categorias que oferecem soluções eficientes de práticas já existentes ou inovadoras, sempre orientadas por dados e tecnologias digitais.
As soluções do Farming as a Service têm sido adotadas globalmente e servem como porta de entrada para inovações em toda a cadeia produtiva do agronegócio.
Veja abaixo quais são essas categorias e alguns detalhes sobre elas.
1. Soluções de gerenciamento
No FaaS, essa categoria é chamada de ‘Soluções de Gerenciamento’ (management solutions) e reúne ferramentas de compartilhamento de informações, análises de dados e agricultura de precisão.
Em sua essência está:
- A coleta de dados com o uso de tecnologias diversas (drones, satélites, sensores etc.) para uma tomada precisa de decisão;
- A interpretação desses dados, seja por meio da inteligência artificial ou outro processo;
- E o armazenamento em nuvem (big data).
Além disso, as soluções de gerenciamento podem envolver, além dos agricultores, a participação de governos, empresas, instituições financeiras, consultorias e assessorias.
2. Assistência à produção
As ferramentas de ‘Assistência à Produção’ (production assistance) oferecem recursos para auxiliar no aluguel de equipamentos, em serviços de mão de obra e outras necessidades (como água, combustível, energia).
E esses serviços são oferecidos em plataformas que facilitam o acesso a produtos/serviços ou também por meio de fornecedores à pronta entrega.
Esses são serviços pontuais e não precisam, necessariamente, de uma assinatura já que sua utilização ocorre de forma eventual.
3. Acesso a mercados
O objetivo principal das ferramentas de ‘Acesso a Mercados’ (access to markets) é conectar produtores rurais com fornecedores de diversos insumos (adubos, fertilizantes, sementes etc.) e com potenciais compradores da produção.
As plataformas virtuais de ‘Access to Markets‘ podem ser utilizadas tanto em computadores como em smartphones (por meio de aplicativos) o que agiliza o acesso aos serviços.
Uma das vantagens é que o produtor elimina intermediários nas negociações de compra ou de venda, já que entra em contato direto com os parceiros comerciais.
O potencial de impacto do Farming as a Service (FaaS)
O Farming as a Service (FaaS) tem um grande potencial de trazer mudanças significativas não apenas para a oferta de produtos e serviços no agronegócio, mas também aos pequenos produtores do setor agropecuário.
Alguns dos potenciais benefícios do Farming as a Service (FaaS) são, por exemplo:
- Aumentar a renda dos produtores;
- Mitigar as preocupações ambientais;
- Aumentar a eficácia das iniciativas governamentais voltadas à agropecuária;
- Aumentar a inclusão financeira de pequenos produtores;
- Capacitar produtores para uma tomada de decisões baseada em dados e, com isso, reduzir os riscos envolvidos na atividade;
- Estimular o empreendedorismo rural.
Soluções digitais baseadas em FaaS
As soluções baseadas em FaaS são oferecidas, em sua maioria, pelas startups que atuam no agronegócio, as agtechs – como por exemplo a própria Agrosmart.
Aqui são oferecidos serviços tanto para produtores rurais – sejam de grãos, frutas, café etc. – quanto para o setor corporativo do agronegócio – como cooperativas, empresas de insumos, indústrias de alimentos, empresas agrícolas etc.
Com isso, promovemos mais eficiência no campo – com melhor aproveitamento do potencial produtivo da lavoura – e nas cadeias agroalimentares envolvidas.
O trabalho da Agrosmart, de inovação no agronegócio por meio de soluções digitais, se soma ao de outras 298 agtechs que existem no Brasil, de acordo com o relatório da Abstartups (Associação Brasileira de Startups). Além disso, o relatório aponta que 36,9% das agthechs utilizam o SaaS como modelo para gerar receitas.
Mas, vale destacar que, esse número pode ser ainda maior considerando a pesquisa realizada pelo Radar Agtech Brasil 2020/2021, que apontou a existência de 1.574 startups atuando no agronegócio.
Isso porque, o setor tem se mostrado cada vez mais aberto à inovação e, com isso, tem havido uma tendência de aumento de investimentos na área, e na diversificação das soluções oferecidas.
Conclusão
O Faas no agronegócio só tende a crescer e melhorar o processo de tomada de decisões antes, dentro e depois da porteira. Seja ele por meio de soluções de gerenciamento, assistência à produção ou acesso a mercados.
Isso porque, devido ao modelo de decisões baseado em dados, esses serviços podem garantir maior segurança aos envolvidos e, até mesmo, ajudando na mitigação de riscos.
Assim, a expectativa é de que por meio dessas soluções presentes na Agricultura 4.0, seja possível produzir mais alimentos – no Brasil e no mundo – de forma mais sustentável ambiental, social e economicamente.