ESG no Agronegócio: Conheça as Práticas que Fortalecem o Setor
A ESG no agronegócio envolve um conjunto de ações que devem ser praticadas por toda a cadeia produtiva, desde a produção no campo à agroindústria
As práticas de ESG no agronegócio dizem respeito às estratégias e modelos de negócios alinhados com a responsabilidade ambiental, social e de governança corporativa.
A sigla em inglês ESG vem das palavras environmental (ambiental), social e governance (governança), da qual diversas empresas no mundo têm buscado se aproximar mais.
Para o Brasil, que exerce papel de grande responsabilidade na produção mundial de alimentos, desenvolver práticas de ESG no agro é questão de sobrevivência.
Isso porque as cobranças são cada vez mais intensas por ações voltadas à sustentabilidade ambiental, à gestão eficiente (com transparência e diversidade) e a promoção do bem-estar dos colaboradores, dentre outras demandas.
Conheça neste artigo estas as práticas de ESG no agronegócio e como elas fortalecem o setor no país. Boa leitura!
O que é ESG?
Apesar de ser algo relativamente novo, a sigla ESG apareceu pela primeira vez em 2005 num relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), chamado “Who Cares Wins”, ou “ganha quem se importa”, na tradução livre.
Na época, havia uma preocupação crescente da comunidade acadêmica internacional com os impactos do aquecimento global e outros problemas ambientais, como o desmatamento.
Participaram das discussões que resultaram no relatório 20 instituições financeiras de 9 países (entre eles o Brasil), com mais de US$ 6 trilhões em ativos sob gestão.
Foram criadas diretrizes e recomendações para governança ambiental, social e corporativa na gestão de ativos, serviços e corretagem de valores imobiliários e pesquisas associadas.
Havia uma consciência de que, em um mundo globalizado, a maneira como é feito o gerenciamento de questões que envolvem a sigla ESG interfere no poder de competição e longevidade das empresas.
Assim, quanto mais eficientes as práticas ESG, mais possibilidade de aceitação dessas empresas, suas marcas, produtos e serviços por parte da sociedade.
Entre os principais benefícios apontados por esse modelo de gestão, está a projeção antecipada de cenários de riscos e busca antecipada por soluções.
Isto colabora para o planejamento e execução de ações de curto, médio e longo prazos dentro das próprias empresas, com foco em resultados que fidelizam o público, os acionistas e favorecem às finanças e à valorização das marcas.
Por que as práticas ESG estão em alta?
Desde que a sigla ESG surgiu, houve muitos acordos que não foram cumpridos, sobretudo relacionados à redução das emissões de GEEs (gases de efeito estufa), como o gás carbônico (CO2) e o gás metano (CH4).
Contudo, as discussões a respeito deste tema nunca deixaram de acontecer, pelo contrário, ganharam ainda mais força nos últimos anos por conta das mudanças climáticas.
O Brasil, por exemplo, registrou perdas na produção agrícola do Centro-Sul do país em 2020, em função de secas e geadas. E o cenário é preocupante.
Pesquisas mostram uma tendência de alta entre 3ºC a 4ºC na temperatura média da região Sudeste até o fim deste século, caso não ocorra a adoção de medidas de contenção das emissões de GEEs.
Ainda de acordo com esses estudos, caso a temperatura chegue nesses níveis, a produção agrícola dessas áreas será inviabilizada.
Protagonismo e responsabilidade
Sendo um dos principais produtores de alimentos do mundo, são constantes as cobranças por ações que favoreçam a sustentabilidade ambiental na agropecuária brasileira.
A projeção da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é de que o Brasil deve aumentar a produção de alimentos em 41% nos próximos 10 anos, para haver oferta equilibrada no mundo.
Mas, o mercado está cada vez mais exigente ao olhar para esta produção de alimentos. Conforme mostra o estudo da IBM Institute for Business Value (IBV), 84% dos consumidores consideram a sustentabilidade ambiental como algo “moderadamente importante”.
Assim, os consumidores não olham para a sustentabilidade apenas ao escolher uma marca, mas ao investir, escolher o emprego e o seu meio de transporte.
Em comparação com dois anos atrás, 22% mais consumidores afirmam que a responsabilidade ambiental é ‘muito’ ou ‘extremamente importante’ na hora de decidir sobre uma marca.
Há também muita gente disposta a gastar mais por marcas ambientalmente responsáveis.
A sigla ESG e sua relação com o agronegócio
São diversas as práticas que envolvem a sigla ESG, que em português podemos chamar de ASG: Ambiental, Social e Governança.
Veja os conceitos que envolvem cada uma dessas letras e sua relação com o agronegócio.
Ambiental
A sustentabilidade ambiental nunca esteve tão em voga no mundo corporativo, seja de empresas do agronegócio ou outros ramos.
O principal problema neste quesito é o aquecimento global, provocado pelas emissões dos GEEs na atmosfera (sobretudo CO2), que chegaram a 34 bilhões de toneladas em 2020.
Por isso, dentro das boas práticas de ESG estão a redução das emissões desses gases e o apoio institucional e financiamento a iniciativas que vão neste sentido.
Além disso, é preciso haver ações efetivas que favoreçam a:
- redução da poluição do ar e da água, bem como a economia desta;
- combate ao desmatamento;
- aumento da biodiversidade;
- uso de energias de fontes renováveis;
- e a gestão de resíduos sólidos.
No Brasil, a principal ferramenta do agronegócio para combater esses problemas é o Plano ABC, criado em 2010 pelo Governo Federal e que, desde então, estimula a Agricultura de Baixo Carbono.
Recentemente, o Governo anunciou que pretende reduzir a emissão de CO2 em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário, por meio do ABC+, versão mais avançada do plano para o período de 2020 a 2030.
Em área, o ABC+ tem como meta atingir com tecnologias de produção sustentável 72,68 milhões de hectares; ampliar o tratamento de 208,4 milhões de metros cúbicos de resíduos de animais; e abater 5 milhões de cabeças de gado em terminação intensiva.
O Plano ABC é a principal ferramenta por meio da qual o produtor rural pode desenvolver ações de sustentabilidade ambiental, inovação e tecnologias na fazenda.
O plano possui uma linha de crédito chamada Programa ABC, que concede financiamento para investimentos baseados nos conceitos de ESG.
Social
Na sigla ESG, a letra S se refere às relações sociais da propriedade rural ou empresa agrícola, a exemplo: os trabalhadores do campo; comunidades do entorno; e clientes.
Ao lidar direta ou indiretamente com essas pessoas, é preciso que se busque dar-lhes satisfação, seja com o trabalho ou com o serviço/produto oferecido, bem como manter bons relacionamentos com quem possa ser de alguma forma afetado pelas atividades.
As práticas sociais da fazenda ou empresa agrícola devem prezar também pela diversidade da equipe, com oportunidades iguais para todos, independente do gênero, raça ou orientação sexual. Além de fazer com que todos estejam engajados com as metas a serem alcançadas.
Ainda neste quesito, é de extrema importância o respeito às leis trabalhistas, aos direitos humanos e a proteção de dados e a privacidade.
Governança
Aqui está o centro de todas essas ações, de onde saem as decisões que vão colaborar para a execução das práticas de ESG.
A governança diz respeito à administração da fazenda ou empresa agrícola, e como tal deve prezar pelo cumprimento das regras, garantindo uma conduta corporativa.
Uma boa governança envolve, assim como nas relações sociais, a diversidade de gênero, raça e orientação sexual. Sobretudo na composição do Conselho ou posição de comando, bem como na estrutura de comitês de auditoria.
A boa governança deve prezar pelas boas relações com instituições públicas e privadas.
Essencial, na governança, é prever cenários futuros, sejam eles favoráveis ou não; e traçar metas de curto, médio e longo prazos, bem como fornecer os meios necessários para a sua execução.
Conclusão
As práticas de ESG no agronegócio são o grande balizador do setor para os próximos anos.
Tais práticas são uma questão de sobrevivência, não só para quem atua no agro, mas em qualquer outro setor.
O Brasil tem o Plano ABC, até o momento a solução mais viável para impulsionar a disseminação da inovação, de tecnologias e da sustentabilidade no campo.
No mesmo caminho das práticas ESG, cabe ao poder público e ao setor corporativo desenvolver ou aperfeiçoar ações que resultem na redução ou neutralização das emissões de GEEs.
Só assim será possível continuar a produzir alimentos para as próximas gerações.
Assunto de extrena importancia, temos que nos preocupar com os fatores climaticos, pois como foi bem explanado é uma questao de sobrevivencia de todos os setores seja do agronegocio, sela dos parceiros…parabens pela publicação, muito valiosa…
Boa tarde, João! Ficamos muito felizes com a sua leitura e comentário, que bom que o texto foi útil!
Olá, poderia me passar a fonte de referência da pesquisa da OCDE?