O milho é um dos principais cereais na alimentação humana e animal. Além de ser o cereal de maior volume de produção no mundo, com aproximadamente 960 milhões de toneladas.
Atualmente, China, Estados Unidos, Brasil e Argentina são os maiores produtores, representando 70% de toda a produção mundial.
No Brasil, a produção de milho, juntamente com a de soja, somam cerca de 80% de produção de grãos e o país é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador de milho do mundo.
Ainda assim, para desenvolver essa cultura, o produtor enfrenta diversos problemas fitossanitários que podem comprometer a produtividade.
A partir do final da década de 90, as doenças do milho se tornaram uma grande preocupação no agronegócio. Produtores relatam constantemente perdas na produtividade da cultura do milho nas principais regiões produtoras do país devido ao ataque de patógenos e ocorrência de doenças.
Entre essas doenças, que impactam negativamente tantas lavouras, as que mais se destacam são a mancha branca, a cercosporiose, a podridão do colmo, a mancha de turcicum e a ferrugem polissora.
Conheça as principais doenças do milho
Mancha branca
Conhecida também como pinta branca, é uma mancha foliar do milho causada pelo fungo Phaeosphaeria maydis e está presente em todas regiões produtoras da cultura do milho no Brasil.
Os sintomas se iniciam com a aparecimento de pequenas lesões cloróticas nas folhas, que ficam maiores posteriormente, com até 2 cm em formas arredondadas, com coloração esbranquiçada e bordos escuros.
Em estágio avançando, essas manchas tornam-se necróticas de coloração palha. No centro das lesões necróticas podem ser visualizadas estruturas de reprodução do fungo, peritécios e picnídeos.
O monitoramento deve ser realizado desde o início do ciclo da cultura, pois os sintomas se manifestam primeiro nas folhas do terço inferior das plantas e, caso não seja controlada, pode atingir as folhas superiores.
Atualmente, a doença pode causar perdas superiores a 60% nas produções localizadas onde o ambiente seja favorável e as cultivares sejam suscetíveis.
A ocorrência da mancha branca é favorecida por:
- Umidade relativa do ar elevada (acima de 60%).
- Alta precipitação.
- Temperaturas moderadas (cerca de 15ºC a 20ºC).
Estas condições são normalmente encontradas em regiões acima de 600m de altitude.
A disseminação do patógeno ocorre pelo vento e respingos de chuva.
Plantios tardios podem propiciar uma maior severidade da doença por conta da ocorrência dessas condições climáticas durante o florescimento. É neste momento que as plantas são mais sensíveis ao ataque do patógeno. Além disso, também pode ocorrer o ataque da bactéria Pantoeae ananás nas fases iniciais da doença.
O manejo da mancha branca é realizado pelo plantio de cultivares resistentes, e semeadura nas épocas cujas condições climáticas não favorecem a doença.
A rotação de culturas contribui para a redução do potencial de inóculo do patógeno. Contudo, o controle químico pode ser utilizado para o manejo de híbridos suscetíveis a doença.
Mancha de Cercospora
A mancha de cercospora ou cercosporiose do milho é causada pelo fungo Cercospora zeae-maydis. O primeiro registro da doença no Brasil ocorreu no Sudoeste do estado de Goiás no ano de 2000 e, atualmente, a doença está presente em todas as regiões de plantio de milho no Centro Sul do Brasil.
A doença apresenta alta severidade em cultivares suscetíveis, com potencial para causar perdas superiores a 80%.
Essas perdas estão associadas à redução de área foliar fotossintética devido aos sintomas causados pela doença.
Os sintomas da doença ocorrem nas folhas baixeiras durante a fase de floração das plantas. Visualmente, os sintomas são caracterizados por manchas de coloração verde-oliva, que variam de retangulares a irregulares, com as lesões que se desenvolvem paralelas às nervuras.
Condições de alta umidade relativa do ar fazem as lesões ficarem cinzas por conta do surgimento elevado do número de esporos. Lavouras com alta incidência da doença podem apresentar lesões na bainha foliar, nos colmos e nas brácteas da espiga. Os esporos do patógeno são disseminados pelo vento ou pela chuva.
Essa doença pode ser encontrada nos estádios VT até R4.
O monitoramento da mancha de cercospora deve ser realizado no início do ciclo da cultura, e deve ser contínuo, analisando sempre os aspectos climáticos.
As medidas para manejar a cercosporiose incluem:
- O plantio de cultivares resistentes.
- Rotação de culturas.
- Adubação adequada.
- Eliminação de restos da cultura de milho infectada pelo patógeno.
O controle químico da mancha de cercospora é viável somente em cultivares suscetíveis.
Podridão do Colmo (Fusariose)
A podridão do colmo do milho ou fusariose é causada pelo fungo Fusarium verticillioides, e pode ocorrer antes da fase de enchimento dos grãos, em plantas jovens e vigorosas ou, após a maturação fisiológica dos grãos, em plantas senescentes.
A doença chega a causar prejuízos acima de 70% no Brasil, além de perdas de produtividade em torno de 50%, que têm sido relatadas em cultivares suscetíveis sob condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, principalmente nas regiões quentes e secas.
Os sintomas da doença surgem nos estádios R5 e R6, e ocorrem, principalmente, na base da espiga, mas também podem se manifestar em grãos isolados ou em grupos de grãos.
A disseminação dos conídios do patógeno ocorre por meio do vento ou da chuva.
Manejo da doença:
- Uso de cultivares resistentes.
- Remoção de restos culturais de plantas infectadas com o patógeno.
- Evitar altas densidades de semeadura.
- Realizar adubação balanceada, principalmente com potássio.
- Rotação de cultura com plantas não hospedeiras do agente causal da doença.
- Aplicação de fungicidas.
Helmintosporiose (mancha de turcicum)
A mancha de turcicum, também conhecida como Helmintosporiose do milho (Exserohilum turcicum), é causada pelo fungo Exserohilum turcicum, que está disseminado em todas as áreas de cultivo de milho no Brasil.
As condições favoráveis para o desenvolvimento do patógeno são alta umidade relativa do ar – acima de 90% – ou a presença de orvalho com temperaturas entre 18ºC e 27ºC.
As perdas com mancha de turcicum podem chegar a 50% em ataques antes do período de floração.
Os sintomas da doença se caracterizam como lesões alongadas, de coloração cinza ou marrom e comprimento variável entre 2,5 e 15cm nas folhas. Os primeiros sintomas surgem nas folhas mais velhas e avançam para as partes mais altas da planta. Pode ocorrer também o coalescimento das lesões, dando aspecto de folhas queimadas.
A doença pode ser identificada nos estádios de desenvolvimento VT até R4 do milho e o patógeno pode ser disseminado pelo vento.
O controle dessa doença é feito através do uso de híbridos resistentes e sementes sadias, escolha de melhor época e local para o plantio, adubação equilibrada, rotação de cultura com plantas não hospedeiras do agente causal da doença e uso de fungicidas.
Ferrugem polissora
A ferrugem polissora é causada pelo fungo Puccinia polysora. A doença está distribuída por toda a região Centro-Oeste, Noroeste, Minas Gerais, São Paulo e parte do Paraná. Seus impactos são mais agressivos e destrutivos na região central do Brasil, onde pode causar perdas de até 65%.
O ambiente favorável para a aparição da doença se configura da seguinte forma:
- Regiões que apresentam altitudes abaixo de 700m.
- Umidade relativa do ar acima de 90%.
- Temperaturas entre 23ºC e 28ºC.
Os sintomas da doença se caracterizam pela presença de pústulas circulares ou ovais de cor marrom claras, distribuídas nas faces superior e inferior das folhas. A coloração das pústulas se torna marrom escura à medida que a planta se aproxima da maturação.
As pústulas podem ser encontradas em todos os estádios de desenvolvimento das plantas de milho.
Os danos que as doenças do milho causam são redução da área foliar, redução do vigor e do peso de grãos, senescência precoce e acamamento das plantas.
O controle da ferrugem-polissora é baseado no plantio de híbridos resistentes, com escolha de melhor época e local de plantio, além do uso de fungicidas em regiões com histórico da doença.
Inteligência para o manejo de doenças
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