Terror dos sojicultores, as doenças da soja estão entre os fatores que mais reduzem a produtividade da cultura e contribuem para o aumento dos custos de produção. Cerca de 15 a 20% das reduções anuais de produção da cultura tem as doenças como origem. Várias doenças da soja já foram identificadas no Brasil, entre elas estão as causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus. A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições ambientais de cada safra.
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. Na safra 2015/2016, a cultura ocupou uma área de 33,17 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 95,63 milhões de toneladas e a produtividade média da soja brasileira foi de 2.882 kg por hectare. O aumento da produtividade da soja está associado aos avanços tecnológicos, ao manejo da cultura e à eficiência dos produtores, mas ainda há fatores limitantes de produtividade.
Doenças fúngicas são resultantes da interação entre a planta e fatores ambientais favoráveis a ocorrência da doença. As doenças causadas por fungos estão entre os fatores que afetam o rendimento da soja e são responsáveis pelas variações da produtividade de uma safra para outra. Entre as doenças fúngicas mais comuns, em dimensão nacional, na soja destacam-se a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi), a mancha-parda (Septoria glycines), crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii) e o oídio (Microsphaera difusa).
Características das principais
O oídio registrou uma epidemia em todo país na safra de 1996/1997, desde então tem apresentado severa incidência em diversas cultivares em todas as regiões produtoras, provocando perdas de até 40%. A doença pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento da planta, porém é mais comum no início da floração, deixando uma fina cobertura esbranquiçada nas folhas, constituída de micélio e esporos.
As condições favoráveis à ocorrência do oídio são a umidade relativa baixa e temperaturas amenas.
A mancha parda e o crestamento foliar de cercospora também estão disseminados por todas as regiões produtoras de soja no Brasil, podendo causar perdas de até 20% na produtividade. Os primeiros sintomas da mancha parda parecem com pequenas pontuações ou manchas de contornos angulares, castanho-avermelhadas nas folhas unifolioladas, após a emergência. Nas folhas surgem pontuações pardas que evoluem e formam manchas com halos amarelados e centro de coloração castanha em ambas as faces.
Sua ocorrência é mais acentuada em regiões onde o verão possui temperaturas elevadas e chuvas abundantes, sendo menos frequentes em locais onde as noites são frescas.
O crestamento foliar de cercospora ocorre em regiões que possui características favoráveis a proliferação da doença como chuvas frequentes e temperaturas noturnas que permitem a formação de orvalho. O fungo dessa doença ataca todas as partes da planta, nas folhas aparecem pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, as quais coalescem e formam grandes manchas escuras que resultam em severo crestamento e desfolha prematura.
A ferrugem asiática da soja tem sido constatada em todas as regiões produtoras no país desde a safra de 2003/2004, exceto em Roraima, causando perdas de 10% a 90% no rendimento da cultura. As principais variáveis climáticas que determinam a ocorrência de ferrugem asiática da soja são o período de molhamento foliar, a temperatura média durante o período úmido e umidade relativa. Estas variáveis influenciam o progresso da doença por afetar diretamente o processo de infecção do fungo.
Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os primeiros sinais são caracterizados por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha, com correspondente protuberância (urédia), na parte inferior da folha.
Efeitos das condições ambientais sobre o desenvolvimento de doenças da soja
No contexto agronômico o ambiente é um conjunto de fatores ou condições que afetam o metabolismo das culturas, incluindo o solo, o clima e os demais seres vivos. As condições meteorológicas são as que mais influenciam o estado de saúde das plantas, as variáveis mais estudadas em relação ao risco de ocorrência de doenças são: temperatura, umidade do ar, duração do período de molhamento foliar e a chuva.
O molhamento das superfícies vegetais pelo orvalho, um condicionante natural da ocorrência de doenças, é que irá possibilitar a germinação de esporos dos fungos. Assim, a duração que o orvalho permanece na superfície vegetal é mais importante que a sua quantidade. O molhamento também é propiciado pela chuva e irrigação, sendo um fator decisivo para a manifestação das doenças.
Quanto a temperatura os patógenos exigem valores mínimos, ótimos e máximos para cada etapa do seu ciclo vital. Normalmente a temperatura ótima para o desenvolvimento de um fungo corresponde à temperatura ideal para sua reprodução assexuada, o tempo entre a inoculação e produção de esporos diminui com o aumento da temperatura.
A umidade do ar é o fator meteorológico que mais influencia as doenças de plantas, seguido da temperatura. A temperatura do ar é menos limitante que a umidade no desenvolvimento dos fungos, mas a combinação dessas duas variáveis condicionará o processo infeccioso de doenças. Os patógenos respondem de modo diferente à umidade, mas os fungos necessitam de muito vapor d’água para o seu crescimento, de modo geral. Assim como a temperatura existem valores mínimos, ótimos e máximos de umidade para cada etapa do ciclo vital dos fungos.
Com a relação das condições ambientais e o desenvolvimento de doenças, de maneira acurada, é possível gerar métodos ou modelos que identifiquem situações em que a ocorrência da doença da seja imediato.
A Agrosmart monitora o ambiente propício a doença com técnicas de manejo e recursos de monitoramento meteorológico mais eficientes e acessíveis, tornando o controle das doenças cada vez mais fácil aos produtores.
Fontes: CONAB, EMBRAPA SOJA, CIIAGRO.
Fonte Imagem de Capa: Portal Gazeta do Povo