Custo da irrigação sobe 70% em 3 anos
Setor vai usar número para negociar bandeira diferenciada com governo
O custo da irrigação subiu 70% nos últimos três anos. Por isso, o setor produtivo pretende negociar uma nova tarifa com o Ministério de Minas e Energia. O pedido tem apoio do Ministério da Agricultura e foi elaborado na Câmara Temática de Insumos Agropecuários. De acordo com o presidente do grupo, Júlio Cezar Busato, a proposta é ampliar o horário reservado aos agricultores com tarifas diferenciadas. Atualmente, isso corresponde ao período noturno, e a ideia é prolongar o horário para os fins de semana. “Com isso, o agricultor vai ter redução de 20% nos custos de irrigação”, diz Busato.
Paraquat
A revisão do herbicida paraquat, usado para o controle de plantas daninhas no plantio direto, é citada como um dos obstáculos para o avanço da agricultura nacional. O produto está sob análise na Anvisa e corre o risco de ser banido do país. O diagnóstico preparado pela Câmara Temática de Insumos Agropecuários também menciona como problema na política de defensivos a demora na liberação de novos produtos no Brasil e o contrabando. O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Márcio
Portocarrero, afirma que o problema está ligado á proibição do produto sem que haja preocupação em buscar substitutos. “No caso do paraquat, isso vai colocar em risco todo o sistema de plantio direto”, afirma.
O outro tema tratado no grupo é o manejo de solos no país. Segundo o pesquisador da Embrapa Solos José Carlos Polidoro, a produtividade da soja está estagnada em uma média de 50 sacas por hectare há dez anos, mesmo com o avanço da tecnologia. O problema pode estar na forma como tratamos a terra no Brasil. Para Polidoro, a janela de produção é muito apertada no país, criando a necessidade de entrar no
campo com máquinas pesadas para realizar o trabalho com rapidez, afetando a conservação do solo. “Mas há viabilidade (para mudar isso) com novas tecnologias e novos insumos que são compatíveis com a preservação”, diz.
Manaíra Lacerda | Brasília