Como escolher um sistema de plantio?
No Brasil, os produtores rurais têm a sua disposição alguns métodos de plantio que visam à distribuição uniforme das sementes por toda a área que será formada. Paulo Ramalho, coordenador de desenvolvimento tecnológico de empresa líder no mercado de sementes, indica os benefícios e cuidados que é preciso ter em cada sistema.
“O sistema em linha tem como vantagem a distribuição mais precisa das sementes na área, o que possibilita uma melhor regulagem da taxa de semeadura. Neste sistema, as sementes são semeadas na profundidade adequada e de maneira uniforme, promovendo o melhor aproveitamento do lote das sementes. Desta maneira, a relação entre a taxa de semeadura e o resultado de plantas emergidas é mais previsível, portanto pode ser melhor planejada”, comenta.
O sistema de semeadura a lanço é hoje o sistema mais utilizado pelos pecuaristas e também agricultores que fazem ILP ou utilizam a palhada da forrageira para o plantio direto. Neste sistema consegue-se uma melhor distribuição espacial das sementes e normalmente se utilizam taxas de semeadura maiores. Neste caso, é muito importante que se tome um cuidado especial para que a largura de trabalho regulada para a semeadora seja respeitada e também se recomenda que, quando possível, seja feita uma operação para incorporação ou compactação das sementes ao solo.
“O sistema aéreo tem alto rendimento operacional e, preferencialmente, deve-se usar sementes de elevada pureza física. Já no método de plantio manual, o principal cuidado a ser tomado é não aprofundar as sementes excessivamente nas covas. Recomenda-se usar matracas com limitadores de profundidade de semeadura situados a 2,0cm da boca da saídadas sementes”, aponta.
Alguns tópicos como profundidade de semeadura, taxa de semeadura, monitoramento inicial e manejo do primeiro pastejo devem ser considerados para o estabelecimento da pastagem.
“A profundidade de semeadura é variável de acordo com a espécie a ser estabelecida. De maneira geral, para as Brachiarias, uma profundidade média de 2,0 cm é o mais indicado, podendo chegar a 4,0 cm em solos mais arenosos. Para Panicum, uma faixa de 0,5 a 2,5 é a melhor recomendação, tendo 1,0 cm como valor médio, em virtude do menor tamanho da semente”, destaca.
Na taxa de semeadura, deve-se definir a quantidade de sementes com base nas expectativas de estabelecimento, de acordo com as condições de preparo do solo, equipamentos disponíveis, época de plantio, condições climáticas, assim como a fertilidade e histórico de invasoras na área. A densidade de plantio varia para cada espécie e cultivar, além das condições, época, fertilidade do solo, conteúdo de água no solo e manejo de operação da semeadura. Como uma regra geral, em condições ideais de preparo de solo e clima, deve-se utilizar de 8 a 12 kg por hectare de sementes incrustadas para a formação de um hectare de pastagem.
O monitoramento deve ser constante durante o desenvolvimento das plântulas nas primeiras semanas após a semeadura. Ataques de insetos, quando ocorrem, podem reduzir drasticamente a população inicial de plantas.“Também deve ser realizado o controle de invasoras quando necessário. Para se avaliar a qualidade da operação de semeadura, a contagem das plântulas deve ser realizada entre 15 e 30 dias após a semeadura na área. É considerado satisfatório quando o número levantado estiver dentro daquele recomendado para cada espécie/cultivar, que, de maneira geral, é de 20 plântulas/m² nos cultivares de Brachiaria e 60 plântulas/m² nos cultivares do gênero Panicum”, avalia.
Em relação ao momento do primeiro pastejo, uma avaliação interessante é realizar uma caminhada pela área e simular o pastejo dos animais com as próprias mãos, ou seja, puxar as pontas das folhas e observar se acontece o arranquio de plantas inteiras, com raízes. Em caso positivo, é interessante que se espere mais um pouco, mas deve-se atentar também para não esperar demais e deixar com que as plantas não excedam demais a altura de entrada recomendada ou mesmo floresçam e produzam sementes. O momento ideal é quando as plantas já apresentam uma boa fixação no solo, quando se faz o teste anteriormente citado.
“O primeiro pastejo tem como objetivo contribuir com o estabelecimento de plantas forrageiras produtivas na área, promovendo o perfilhamento destas. O desponte inicial das plantas permite a entrada de luz na base das touceiras, estimulando a produção de novos perfilhos, o que definirá o potencial produtivo da pastagem”, finaliza.
Fonte: AgroClima