Como a agricultura regenerativa pode melhorar a qualidade da água?

As práticas adotadas na agricultura regenerativa, além de contribuir para a saúde do solo, podem tornar mais eficiente o uso da água e conservar a sua qualidade nos sistemas agrícolas

A água é um dos principais recursos naturais e é peça fundamental para a vida. Tamanha é a sua relevância que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece a água como fator importante para os três pilares – ambiental, econômico e social – do desenvolvimento sustentável.

Isso porque, a água tem um papel transversal e apoia a realização de vários dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) por estar ligada ao clima, à produção de energia, ao desenvolvimento urbano, ao meio ambiente, à produção de alimentos – e, por consequência, à segurança alimentar – e muitos outros.

Por isso, a gestão dos recursos hídricos é uma ação prioritária na agenda de desenvolvimento sustentável, na pauta ESG e, é claro, no contexto da Agricultura Regenerativa.

A regeneração como destino

A agricultura regenerativa é vista como um passo adiante quando falamos em sustentabilidade. 

Isso porque, neste contexto, a sustentabilidade é um caminho de transição entre modelos de produção que geram a degradação dos recursos naturais para modelos regenerativos. Ou seja, a regeneração é um destino.

Agricultura regenerativa
Sustainability is a bridge. Regeneration is the destination (Fonte: Savory)

De acordo com a pesquisa ‘Agroforestry Standards for Regenerative Agriculture‘, é possível resumir o impacto da agricultura regenerativa no meio ambiente em 5 frentes: solo, água, biodiversidade, saúde dos ecossistemas e carbono. 

Ou seja, seus principais objetivos incluem:

  • Solo: construir a fertilidade e a saúde do solo;
  • Biodiversidade: conservar e até mesmo aumentar a biodiversidade;
  • Saúde dos ecossistemas: colaborar para a capacidade de resiliência e auto-renovação dos ecossistemas naturais;
  • Carbono: promover o sequestro de carbono no solo;
  • Água: elevar a percolação, ou seja, o movimento subterrâneo de água no solo; aumentar a retenção de água; e, caso haja escoamento (runoff), que seja seguro e com água limpa.

A água no contexto da agricultura regenerativa

As práticas usadas na agricultura regenerativa ajudam o solo a estar menos susceptível à erosão e compactação, e ter uma microbiota mais diversa. 

Além disso, elas também colaboram na construção da saúde do solo do ponto de vista químico, físico e biológico.

Na prática, isso se traduz em:

  • menor necessidade de uso de fertilizantes;
  • redução de perdas desses fertilizantes via escoamento;
  • menor necessidade de água na lavoura.

Tudo isso se reflete na conservação da qualidade da água presente nos ecossistemas. 

Além disso, solos saudáveis retém mais água, por isso, em sistemas regenerativos o volume utilizado na irrigação tende a ser menor.

Ou seja, a agricultura regenerativa além de colaborar para a qualidade da água, também leva à conservação desse recurso. 

E isso pode ter um impacto significativo a nível nacional e global. No Brasil, por exemplo, a irrigação foi responsável por quase 50% da demanda de captação de água em 2019. 

No mundo, ela corresponde a quase 70% do consumo de água, dos quais 40% são perdidos – em parte, devido à sistemas ineficientes.  

Por que a Agricultura Regenerativa é importante?

Diante do potencial de impacto positivo que as práticas regenerativas possuem, grandes empresas do setor de alimentos e bebidas têm dedicado metas para a implementação dessas práticas agrícolas em sua cadeia de fornecimento.

A Danone, por exemplo, como forma de lidar com os riscos relacionados ao clima e à segurança hídrica, e devido à demanda dos consumidores por produtos mais sustentáveis, implementou práticas regenerativas em algumas de suas cadeias de valor com ações focadas na qualidade do solo e a da água.

Alguns dos resultados já reportados incluem:

  • No Quênia, França e Espanha: aumento do tempo de resistência das culturas à seca para 5 ou 6 semanas;
  • No México: aumento de 15% na proporção de biofertilizante, redução de 15% no uso de defensivos, aumento médio de 30% na renda líquida dos agricultores.

Além disso, essas inciativas já reportaram benefícios como:

  • Proteção do solo e da água
  • Preservação da biodiversidade; 
  • Redução das emissões de carbono e sequestro de carbono – ambas colaboram para a mitigação das mudanças climáticas; 
  • Aumento da resiliência às mudanças climáticas; 
  • Maior resiliência à escassez de água
  • Proteção de bacias hidrográficas através da redução da contaminação da água; 
  • Maior retenção de água nos solos e sustentabilidade do abastecimento de produtos agrícolas; 
  • Menor exposição à volatilidade dos preços; 
  • Proteção do rendimento dos agricultores e aumento da produtividade com uso de menos insumos;
  • Maior resistência à seca.

Conclusão

Em resumo, a disponibilidade e a qualidade da água são importantes para o meio ambiente, a sociedade e a economia. 

Esse recurso, por sua vez, influencia na produção de alimentos e também é influenciado pelas práticas agrícolas.

Por isso, o incentivo à práticas regenerativas e a adoção de inteligência climática na produção de alimentos pode ter reflexos não apenas na saúde do solo, mas também na gestão e qualidade de recursos hídricos.

Apesar de não atuar diretamente com agricultura regenerativa, a Agrosmart tem levado soluções de inteligência climática para agricultores em toda a América Latina, contribuindo para a economia de água e resiliência climática nas lavouras.

Para a agroindústria, por sua vez, a empresa atua através de uma plataforma de monitoramento, reporte e verificação que permite acompanhar métricas relacionadas ao uso da água e até mesmo a implementação de práticas regenerativas. Para saber mais, clique aqui.

É possível – através de conhecimento, tecnologia e inovação – construir um futuro nature-positive, integrando diferentes soluções e abordagens, de Climate-smart Agriculture à Nature-based Solutions. Afinal, a agricultura, de forma intrínseca, já possui um grande potencial de impacto econômico, social e ambiental.

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