A luta das mulheres para conquistar seu espaço no mercado de trabalho e a busca por uma sociedade mais igualitária é algo que vem sendo construído ao longo de anos e hoje, é possível notar uma grande diferença, principalmente na agricultura. Elas estão conseguindo vencer as diversas barreiras impostas e mudando a visão antiquada de “ajudantes” dos seus maridos nas propriedades rurais, para representar mais de 40% do rendimento familiar no campo.
Atualmente existem 14 milhões de produtoras rurais envolvidas em todos os processos feitos em lavouras, comunidades e reservas extrativistas, além de serem consideradas como protagonistas no cenário da agricultura familiar, devido ao fato de mais 45% dos produtos serem plantados e colhidos pelas mãos femininas. Por esse motivo são vistas como as grandes responsáveis pela produção destinada ao autoconsumo familiar e pelo manejo ambiental adequado das águas e dos solos, garantindo uma maior qualidade de vida na família e na sociedade.
Apesar das mulheres rurais não serem totalmente reconhecidas em termos de políticas e de programas específicos na agricultura familiar, elas realizam grandes contribuições em todos os países da região. Assim, buscar o empoderamento das mulheres no campo e fortalecer a importância do seu papel é essencial para que seja possível promover o desenvolvimento territorial e contribuir para a erradicação da fome e da pobreza rural.
Um exemplo de quebra de paradigma da diferença de gêneros no agronegócio é a empreendedora Mariana Vasconcelos, que ao acompanhar, desde crianças, os desafios que seu pai enfrentava na lavoura, tirou dessa experiência a inspiração para criar uma empresa focada em agricultura. Porém, por ser uma figura feminina presente em um cenário praticamente formado por homens, ela enfrentou bastante resistência e dificuldades no início, mas com o tempo conseguiu mostrar a importância e competência dentro desse meio.
O 3º Congresso Nacional de Mulher do Agronegócio, que ocorre na cidade de São Paulo, é um evento destinado às produtoras rurais e reunirá diversas especialistas de todo o país para trocar ideias e experiências, sempre focando no papel da mulher dentro do agronegócio brasileiro. O evento irá destacar a importância do papel feminino no avanço inovador, rentável, sustentável e ético de todo o país e reforça a busca pelo empoderamento.
Mesmo desempenhando um papel fundamental na agricultura familiar do país, a maioria das produtoras rurais continuam enfrentando um grande preconceito em relação a desigualdade de gênero e, por isso ainda existe um longo caminho para atingir o equilíbrio de direitos e oportunidades. Elas realizam uma série de funções-chaves para a segurança alimentar regional, porém continuam a ter menos acesso aos recursos produtivos como terra, água, crédito e capacitação.
Levando em consideração questões como essa, é possível afirmar que alcançar a igualdade de gêneros e da emancipação da mulher é um ingrediente essencial na luta contra a extrema pobreza, a fome e a desnutrição. Portanto, empoderar a mulher rural, será um dos caminhos viáveis para garantir uma qualidade alimentar a todo o mundo.
A caminhada por uma melhor agricultura familiar é comandada pelas mulheres rurais e elas são as maiores capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e sustentável, além de fazerem a diferença na segurança alimentar das próximas gerações.