Inteligência climática para a produção de sementes de soja de qualidade

Entenda como o clima pode atrapalhar na produção de sementes soja de qualidade; e descubra o que é inteligência climática e como ela pode ajudar enfrentar esse problema

A busca por ferramentas e tecnologias para reduzir os efeitos climáticos adversos é um esforço da agricultura em âmbito mundial.

No caso da produção de sementes – que são a base de toda lavoura – isso é ainda mais importante.

Neste contexto, a inteligência climática tem um papel fundamental de ajudar agricultores na tomada de decisão para minimizar esses efeitos climáticos negativos.

Isso porque, a inteligência climática abrange, por exemplo: a previsão do tempo; o monitoramento das condições de chuva, temperatura e umidade do ar, velocidade e direção do vento; a indicação dos momentos ideais para aplicação de defensivos; e, se houver irrigação, o quando e quanto irrigar; e muito mais,

E é por isso, que ela tem sido indispensável para que muitos produtores de sementes possam tocar sua lavoura sem perda de produção e, principalmente, mantendo uma alta qualidade.

Então, venha entender como!

Diferença entre produção de sementes e grãos 

A base de toda produção é a semente.

Isso porque, são as sementes que geram plantas sadias e produtivas, mas, para isso, elas precisam apresentar alguns atributos diferentes de quanto a produção é conduzida com foco em grãos.

Para produzir sementes é necessário cumprir alguns procedimentos específicos para que, no final, o produto colhido tenha os atributos dentro dos padrões requeridos pela legislação.

Ou seja, para produzir sementes de qualquer espécie, o produtor ou empresa agrícola deve seguir as diretrizes de acordo com a Lei n^o 10.711, de 5 de agosto de 2003.

Além disso, é preciso seguir alguns procedimentos, como:

• registrar o campo de produção;
• e fazer inspeções no decorrer da cultura, como o “roguing”, que é retirada de plantas de outras cultivares, plantas atípicas, plantas com doenças e daninhas.

No caso das daninhas, o controle deve ser rigoroso.

Isso porque, cada cultura apresenta algumas plantas nocivas e havendo a presença de sementes dessas espécies junto às sementes da cultura de interesse, é possível haver a recusa de um lote inteiro de produção.

Ou seja, o não controle ou o controle inadequado destas plantas invasoras pode comprometer diretamente no rendimento final da fazenda.

Além disso, o controle de pragas e doenças também é bastante criterioso, pois, elas também podem comprometer todo o lote de sementes.

Outro cuidado que diferencia um campo com objetivo de produção de sementes frente a um campo com finalidade de produção para grãos é a presença da área de refúgio.

Além disso, a área de refúgio também é importante em culturas que apresentam a tecnologia Bt.

Assim, no campo de sementes, os cuidados vão desde o planejamento – em que precisa haver a inscrição do campo junto ao MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) – até a colheita, que deve ser realizada com maior cuidado, colhendo as plantas após a maturidade fisiológica, sem causar danos às sementes.

Em seguida, depois da colheita ainda é preciso avaliar se os atributos físicos, fisiológicos, sanitários e genéticos atendem à legislação.

Se a resposta for positiva, o lote é aprovado para beneficiamento e, na sequência, comercialização.

É possível consultar estes padrões para a produção de sementes para culturas como soja, milho, algodão etc na Instrução Normativa MAPA 45/2013. 

Os impactos do clima na produção de sementes

De acordo com o que vimos acima, alguns fatores na produção de sementes são controláveis como:

• infestação de pragas;
• ocorrência de doenças;
• manejo de plantas daninhas;
• registro e vistorias a campo;
• realização da colheita no momento ideal;
• entre outros.

Porém, há mais um fator importante: o CLIMA!

O clima e as condições meteorológicas influenciam de forma direta e indireta as lavouras – sejam elas destinadas à produção de grãos ou sementes – podendo afetar os atributos fisiológicos, físicos e sanitários da produção final.

E essa interferência pode acontecer ao longo de todo o ciclo das culturas, podendo até mesmo levar ao descarte de todo o lote de sementes em produção.

Um exemplo claro disso é a ocorrência de sementes esverdeadas de soja, que pode acontecer devido a estresses abióticos e bióticos.

Estresses bióticos:

• doenças, como a fusariose e macrofomina;
• ataque de insetos, como percevejos sugadores.

Estresses abióticos:

• fatores climáticos como seca, veranicos e ocorrência de geadas intensas.

Além disso, a presença de sementes esverdeadas no lote pode comprometê-lo, levando ao seu descarte, uma vez que elas afetam no vigor das sementes.

Isso porque, a não degradação da clorofila nas sementes é a causa do seu esverdeamento. Isso pode acontecer devido aos estresses bióticos ou abióticos no final do período do enchimento de grãos. Assim, a maturação é acelerada e ocorre a morte das plantas.

Por conta disso, não há tempo hábil para que as sementes degradem a clorofila e passem da coloração verde para amarela, o que resulta em uma semente com menor vigor e germinação.

Outros pontos desfavoráveis ao longo do ciclo da cultura e que afetam a produção incluem: a falta de água às plantas; o excesso de água; e as temperaturas muito elevadas e/ou muito baixas ao longo de seu desenvolvimento.

Além da ocorrência dos eventos em si, o momento em que eles acontecem também é muito importante e pode provocar grandes perdas.

Por exemplo, um grande problema é a ocorrência de chuvas no final da maturação. Pois, elas podem provocar o aumento na umidade das sementes que, até então estavam perdendo umidade. Essa variação, por sua vez, pode comprometer a sua qualidade das sementes.

Além disso, o dano por umidade também pode acontecer quando há um ciclo de chuva (alta umidade) e seca (baixa umidade) após o enchimento das sementes. Com isso, a aparência do tegumento das sementes pode ficar enrugado.

Por isso, devido a esses fatores, a escolha do local de semeadura para produção de sementes de soja deve ser ainda mais exigente.

Além disso, devido aos eventos climáticos como La Niña e El Niño que vêm ocorrendo com maior frequência nos últimos anos, o clima tem sido um fator extremamente importante na produção de grãos e principalmente nos campos destinados à sementes – uma vez que neste caso há uma exigência maior de manter a qualidade até após a colheita.

Neste sentido, as soluções de inteligência climática vêm de auxílio ao produtor de sementes, garantindo maior segurança nas decisões, economia e sustentabilidade.

Inteligência climática na produção sementes de soja

A inteligência climática é a junção de tecnologias que ajudam o produtor na tomada de decisão em sua lavoura.

Por meio da coleta e processamento de dados em tempo real, é possível transformar esses dados em informações úteis que melhoram a compreensão da situação atual da lavoura em relação a diversos fatores.

A partir disso, é possível tomar melhores decisões em relação, por exemplo:

• a como realizar um bom planejamento desde antes da semeadura até a pós-colheita;
• ao momento adequado para fazer determinadas aplicações a fim de evitar deriva e ineficiência;
• a quando e quanto irrigar a lavoura;
• e muito mais;

Isso é importante porque, na produção de sementes de soja, para manter a qualidade das mesmas é preciso ter água no momento ideal e realizar corretamente os manejos de pragas, doenças e plantas daninhas.

Neste sentido, a inteligência climática na produção de sementes de soja consegue dar ao produtor as informações necessárias para que a lavoura permaneça o mais saudável possível.

Além disso, para que as plantas consigam se desenvolver de forma adequada, alcancem o seu potencial produtivo e gerem sementes de alta qualidade, a boa disponibilidade hídrica durante o ciclo é um fator decisivo.

Assim, com um manejo de irrigação, o produtor de sementes de soja consegue controlar isso, tendo uma irrigação muito mais precisa, fornecendo a lâmina d’água necessária em cada estádio de desenvolvimento da planta.

Para realizar tudo isso, é possível captar os dados necessários através de sensores de umidade do solo e de molhamento foliar, pluviômetros digitais e estação meteorológica.

A partir disso, processá-los através de modelos agronômicos e, assim, transformá-los em informações úteis para o produtor ou seu gerente agrícola, como, por exemplo:

• demanda hídrica conforme a fase de desenvolvimento da cultura;
• temperaturas máxima e mínima do ar;
• umidade relativa do ar;
• velocidade e direção do vento;
• balanço hídrico;
• evapotranspiração a partir de fatores de solo, planta e atmosfera;
• entre outros.

Inteligência climática na prática

Com as ferramentas certas, é possível ter um campo de sementes de excelência! Através das soluções da Agrosmart você pode saber:

• Se o solo está com a umidade ideal para a semeadura;
• Se a direção e velocidade do vento podem provocar deriva;
• Qual o melhor momento para realizar uma aplicação ou adubação;
• Se a umidade do solo é adequada para entrar com o maquinário na lavoura;
• Quais as chances de ocorrência de doenças, a partir do ponto de orvalho;
• Se a sua lavoura for irrigada, quando e quanto irrigar a partir da demanda hídrica da planta em cada estádio de desenvolvimento;
• Qual a evapotranspiração da sua lavoura;
• Se há chances ou não de geadas e quando;
• E muito mais.

Perguntamos a um de nossos parceiros – o produtor de soja, milho e gado de São Gabriel (RS) – como a inteligência climática tem facilitado o trabalho no dia a dia em sua lavoura:

Hoje conseguimos fazer as aplicações recomendadas de maneira mais eficiente porque sabemos se a velocidade e a direção do vento estão boas para aplicar, se a temperatura e umidade estão adequadas para realizar uma aplicação.

Antes não tínhamos esse controle, acabava reduzindo a eficiência e por consequência aumentando o custo com defensivos.

Douglas W., produtor de soja, milho e gado – São Gabriel (RS)

Leia mais aqui: Agropecuária Santa Catarina: inteligência climática na produção de soja e milho

Conclusão

Para a produção em campos de sementes as exigências são maiores, afinal, são essas sementes que vão originar novas lavouras.

Assim, esse maior rigor abrange desde um manejo mais cuidadoso até um monitoramento mais criterioso das condições meteorológicas na lavoura ao longo do ciclo da cultura.

Por isso, para atender aos altos padrões exigidos, é preciso ter ferramentas práticas em mãos capazes de tornar a tomada de decisão na fazenda muito mais fácil.

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